sexta-feira, 12 de junho de 2009

lua gonzaga

Época de festas juninas, momento propício para relembrar o maior nome do forró em todos os tempos: Luiz Gonzaga. O chapéu de couro, os trajes típicos do nordeste, a indefectível sanfona apinhada no peito e o sotaque carregado sempre foram marca indelével desse homem. Nascido em Exu, interior de Pernambuco, em 13 de dezembro de 1912, o velho “Lua” já tinha, desde pequeno, inclinações musicais. Além da influência do pai, o lavrador e sanfoneiro Januário, ele admirava os músicos que se apresentavam nas feiras e festas religiosas.
Atitude muito comum para os "cabras" da região nordeste (principalmente naquela época), decidiu sair da sua terra natal e tentar ser artista no centro-sul do Brasil. No início dos anos 40, já no Rio de Janeiro, Gonzagão percebe que muitos imigrantes nordestinos, que tinham vindo para o eix0 Rio-São Paulo do país em busca de prosperidade, sentem falta de ouvir as músicas características do lugar onde nasceram. Após peregrinar nos bares e botecos da capital carioca tocando e cantando, ele resolve compor canções que representem as peculiaridades do povo do nordeste do país.
Começava a surgir, então, o homem que futuramente seria, com justiça, chamado de o “rei do baião”. Foi a partir dessa época que Luiz Gonzaga começou a fazer suas próprias canções que ficaram famosas e marcadas no imaginário popular. Em parceria com Humberto Teixeira, compôs temas como Baião, de 1946, e Asa Branca, de 1947. Com o pernambucano Zé Dantas, Gonzagão assinou Xote das Meninas, de 1953, e Riacho do Navio, de 1955.
No meio dessa produção toda, em 1945, uma cantora de coro chamada Odaléia Guedes deu à luz a um menino, no Rio. Luiz Gonzaga tinha um caso com a moça – iniciado provavelmente quando ela já estava grávida (ele era estéril) – e assumiu a paternidade do rebento, adotando-o e dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Gonzaguinha foi criado pelos seus padrinhos, Xavier e Dina, com a assistência financeira do artista.
Mas o auge da carreira do velho “Lua” se deu mesmo entre 1945 e 1955, quando rodou o Brasil cantando as dores e amores de um povo mudo, sem voz. Apesar da queda no início dos anos 60, em meados dessa mesma década seu nome voltou às paradas, devido às gravações de suas músicas pelos jovens artistas que despontavam no país, como Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Geraldo Vandré.
Homenagens e reverências marcaram os anos 80 na vida de Gonzagão. Foi agraciado com o prêmio MPB-Shell, em 1984, e viagens para apresentações na França, em 1982 e 1986. Em junho de 1989, já bastante doente e envelhecido, Luiz Gonzaga participou de um show no teatro Guararapes, no Recife. Na ocasião, declarou: "Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito o seu povo, o sertão, as aves, os animais, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor". Dois meses depois, morreu. Isso aconteceu exatamente no dia 2 de agosto, aos 76 anos, deixando uma obra com números impressionantes: 312 composições registradas e cerca de 210 discos gravados.


P.S.: no próximo dia 2 de agosto, são lembrados os 20 anos de morte de Luiz Gonzaga.

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