sábado, 6 de dezembro de 2008

quieto, ela passa o tempo desenhando

“Dona do dom que Deus me deu”. Os versos da música que o compositor paraibano Chico César compôs para Maria Bethânia gravar cabe também no contexto da relação entre Linvaldo Soares, servidor da Secretaria da Meio Ambiente (Sema) e as artes plásticas.
Isso porque, as mãos que no dia-a-dia são responsáveis pelos processos licitatórios da Sema, trabalhando na Comissão Permanente de Licitação (Copel), são as mesmas que, sustentadas pela vocação do artista, desenvolve belos trabalhos de desenho e pintura, com uma técnica original. Linvaldo desenha com caneta esferográfica sobre papelão.
Baiano de Ubatã, município do baixo sul do estado, Linvaldo começou a desenvolver sua aptidão ainda criança, nas aulas de desenho da escola. Foi nessa época que conquistou o primeiro prêmio, durante a semana de arte do colégio. “Eu nem conhecia tela e pintei com tinta óleo, em um saco de louça”, revela.
Ainda na fase de descoberta, e já em Salvador, Linvaldo usou de tinta guache a nanquim, até encontrar sua técnica. O curioso é que surgiu meio sem planejamento, de forma quase natural. “Eu estava fazendo alguns rabiscos de caneta em uma capa de caderno de papelão, quando acabei notando que aquela textura criava novas possibilidades, daí foi só praticar”, diz, orgulhoso.
De lá pra cá, mesmo sem se dedicar profissionalmente à arte, Linvaldo participou de inúmeros concursos de pintura, e o melhor: foi premiado em todos. O mais importante para ele foi a Bienal Internacional Afro Americana de Cultura, em 2006. E o mais recente, a sexta edição do Salão Bahia Marinhas, quando ficou em terceiro lugar, com o trabalho Transposição do Velho (Rio) Chico. “Se eu pudesse explicar meu quadro a eles, teria ficado em 1º lugar”, conta, rindo.
Quando questionado sobre a possibilidade de vender seus quadros, Linvaldo não se mostra absolutamente acessível e nem totalmente avesso. Mas a posição não reflete qualquer tipo de esnobismo e sim apego às obras. “Já vendi alguns e me deu vontade até de recomprá-los, mas hoje estou tentando olhar mais o lado profissional”, diz.
Apesar de ter como grande ídolo o pintor baiano Calasans Neto, Linvaldo revela que não há maiores inspirações para seu momento de criação. “São coisas que vejo, que leio e até que me falam”.
Autodidata, avesso a ostentações, voz baixa e bastante tímido, o artista plástico da Sema define a arte como “tudo que consegue lhe tocar de alguma forma”e assume: “gosto de ficar sempre quieto... se me deixar quieto num lugar, eu passo o tempo todo desenhando”.


P.S.: esse texto foi uma humilde tentativa de falar um pouco sobre a vida do grande artista plástico Linvaldo Soares, servidor da Sema, publicado no Jornal do Meio, o informativo bimestral da secretaria.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

palestra estimula adoção da autosustentabilidade

Não deixar uma torneira aberta sem necessidade, nem uma lâmpada acesa sem motivo. Essas pequenas ações são exemplos de autosustentabilidade. Preocupados em compreender o papel de cada indivíduo, para a conservação dos recursos naturais, servidores da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) participaram da palestra ministrada pelo professor de MBA da Universidade Salvador (Unifacs), Victoriano Garrido, sobre o assunto. O evento aconteceu ontem (11), pela manhã, no auditório da Casa Civil, e fez parte da programação da Semana do Servidor Sema.
Muitas ilustrações e histórias curiosas deram o tom da apresentação do professor Garrido. Ele falou sobre a necessidade de conscientização das pessoas nos dias atuais em relação ao meio ambiente e o contexto social. “O indivíduo precisa ter um perfil mais cuidadoso com o planeta e com os outros, entendendo que isso é bom para ele e para a comunidade”, afirmou.
Garrido também elogiou a iniciativa da Sema, de colocar a questão da autosustentabilidade em discussão. “É muito bom que as organizações estimulem e provoquem essa conversa. Mas que cada um assuma sua responsabilidade de mudança”, ponderou.
Para a estagiária da Sema, Alexsandra Carvalho, a palestra foi bastante proveitosa e trouxe reflexões para sua vida pessoal. “Para convencer meu filho a escovar os dentes, gastei duas vezes mais em creme dental do que um adulto usa no mesmo período. Vou mudar”, afirmou.
A ideia é implantar uma política interna de sustentabilidade na Sema, após essa primeira ação. “Vamos dialogar com outros setores da secretaria para elaborar um projeto, depois um plano de ação”, revelou a organizadora do evento, Ana Thomaz. Ao final, todos que assistiram à apresentação receberam um copo de cerâmica, com o intuito de reduzir ao máximo o uso de copos descartáveis no trabalho.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

biodiversidade

Um estudo pioneiro pretende identificar as espécies ameaçadas de extinção e priorizar regiões essenciais para a manutenção da biodiversidade existente na Bahia. O inventário será elaborado por pesquisadores de instituições de ensino e sociedade civil organizada e terá, pela primeira vez, apoio técnico e financeiro do governo do Estado.
Para discutir metodologias, parcerias de cooperação técnica e implantação de convênio, estiveram reunidos ontem (15), na sede da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), representantes de universidades, sociedade civil e poder público, que vão participar do projeto.
Para a zoóloga e professora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Sofia Campiolo, essas atitudes são fundamentais para balizar outras questões como o Zoneamento Ecológico Econômico do Estado e a infra-estrutura de obras. “Sabendo a lista de espécies ameaçadas e áreas predominantes, temos algo concreto para avaliar o impacto dessas ações” disse.
De acordo com o superintendente de Políticas Florestais, Conservação e Biodiversidade (SFC/Sema), Marcos Ferreira, o inventário deve estar pronto até dezembro de 2009. “É uma ação prioritária e estratégica da secretaria. Com esse levantamento, vamos ampliar o universo de informações úteis, em prol da conservação da fauna existente na Bahia”, salientou o superintendente. A pesquisa ainda pretende orientar o plano de manejo, instrumento que fortalece a gestão das Unidades de Conservação, além de proteger a vida silvestre e estimular a pesquisa científica.

domingo, 12 de outubro de 2008

congresso discute direitos dos animais

Mais de 30 especialistas de renome nacional e internacional, como Laerte Levai, autor do primeiro livro sobre Direito Animal do Brasil, e o professor David Favre, que atua na defesa jurídica dos bichos desde o começo da década de 80, participaram do I Congresso de Bioética e Direito Animal. O evento aconteceu no Campus de Ondina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), de 9 a 11 de outubro.
Além dos temas centrais, foram discutidas questões transversais, como pesquisas científicas, liberdade religiosa e sacrifícios, tráfico de animais e a necessidade de evolução dos zoológicos. Sob coordenação do Instituto Abolicionista Animal (IAA), o evento foi um espaço de discussão e aprimoramento de ideias sobre os direitos dos bichos que são defendidos por lei. “O intuito foi estimular o debate entre estudantes e profissionais de diversas áreas sobre o assunto”, informou o diretor de Eventos do IAA, Tagore Trajano.
Durante o seminário, o médico veterinário e coordenador do Zoológico de Salvador, Gerson Norberto, falou que os zoológicos têm que abortar essa ideia de ser apenas um local para exposição de animais. “O zoo deve ser uma ferramenta de conservação das espécies”, disse. Em Salvador, o zoológico se sustenta no tripé composto por educação, lazer e pesquisa. “Desenvolvemos 26 linhas de estudo”, destacou Norberto.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

esporte e meio ambiente

Mesclar esporte e responsabilidade socioambiental. Sob essa ótica, o Parque Metropolitano de Pituaçu recebe, por um dia, o Indoor Games. Pioneiro no Nordeste, o evento engloba 29 modalidades esportivas, entre competições e exibições, e 12 equipamentos de aventura. A estadia na capital baiana é entre 10 e 12 de outubro. No dia 11, a partir das 9h, ocorre no parque a largada da Corrida de Aventura, cujo percurso total abrange 50 quilômetros, e reúne trekking, mountain biking e rapel, dentre outras atividades.
Para dar assistência durante e depois da presença do Indoor Games por Pituaçu, 24 jovens da comunidade local, com idades entre 16 e 24 anos, serão capacitados e vão prestar serviços. Quatro deles serão contratados pela produção do evento e remunerados. Quanto aos outros 20 que forem selecionados pelas associações de moradores, oito firmam contrato com a Federação Baiana de Esportes Radicais e Aventura (Febera) e vão trabalhar no próprio parque. “Eles permanecem para dar apoio e instrução sobre o uso de equipamentos que vão continuar após o Indoor Games, como a Tirolesa e o Arvorismo”, diz o produtor do evento, Rilson Campos.
A responsabilidade e consciência ambiental são assuntos tratados com primazia pelos organizadores do evento. Todos os 240 profissionais envolvidos no projeto vão receber treinamentos técnicos e de sensibilização. “São informações sobre o uso de material reciclado, redução de consumo e limpeza para que isso seja incorporado pela equipe”, explica a bióloga e gestora ambiental do Indoor Games, Carla Circenis. Atividades educacionais serão desenvolvidas nas Tendas Ambientais instaladas em Pituaçu, que servirão também para a apresentação dos programas e projetos desenvolvidos na região, voltados para a conservação e preservação do meio ambiente.
A passagem do evento esportivo pelo parque só reforça a vocação para a prática de atividades físicas. No local ocorrem algumas modalidades, como caminhadas, cooper e o Pedal da Lua Cheia, que é organizado pela própria coordenação. “É um momento fantástico, onde cerca de 300 pessoas percorrem os 15 quilômetros da ciclovia, iluminados exclusivamente pela lua cheia”, destaca o coordenador do parque, Alessandro Diamantino.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

jovens da periferia desfilam moda em pituaçu

Músicas de Vinicius de Moraes, na voz de Maria Bethânia, deram o tom do encerramento da 10ª Edição do Projeto Moda nas Comunidades Carentes, assinado pelo estilista Neném Bettone. O desfile aconteceu hoje no Parque Metropolitano de Pituaçu, com a participação de 10 modelos, revelados em bairros pobres de Salvador. O evento, que teve como objetivo elevar a auto-estima dos jovens da periferia e integrar a comunidade ao parque, foi apoiado pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema).
O evento apresentou a coleção primavera/verão, trazendo um mistura de tendências, com muita cor e estampa. “O verde é para homenagear o parque”, ressaltou Bettone. Segundo o estilista, a escolha de Pituaçu para encerrar o desfile, cujo tema foi "Meio Ambiente e Paz", teve um propósito. “Devemos nos conscientizar quanto à preservação dos parques públicos e, ao mesmo tempo, clamar por paz”, enfatizou.
Para fazer parte do cast, os candidatos se inscrevem nos Centros Sociais Urbanos (CSUs) e passam por dois meses de curso gratuito. Esse processo engloba oficinas de passarela, fotogenia e maquiagem, além de formação em cidadania.
“Acima de tudo, eu aprendi a ter humildade”, relata a modelo Deiseane Alves (foto), 21 anos. Moradora do bairro de Castelo Branco, desde os 13, ela já sonhava com a profissão. Já Lucas Azevedo, 18 anos, e residente em Narandiba, nunca tinha imaginado desfilar até surgir a oportunidade. “Topei participar e venho me saindo bem. Isso pode ser o início para chegar a ser um modelo famoso”, planeja.
Para o estilista Neném Bettone, o grande mérito de um projeto dentro das comunidades mais humildes é a valorização dos indivíduos da região. “Temos que aquecer o sonho desse povo”, afirmou.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

dia da árvore em pituaçu

O Parque Metropolitano de Pituaçu agendou uma série de atividades educativas para comemorar o Dia da Árvore, no próximo domingo (21), a partir das 8 horas. Alunos de escolas públicas e moradores das comunidades do Alto do São João e Pituaçu vão participar da Caminhada da Paz e de um café da manhã, oferecido pela coordenação do parque.
Em seguida, vai haver o plantio de mudas de árvores nativas, como Pau- Brasil, Ipê e Jacarandá, pelos presentes. O objetivo maior da confraternização é a sensibilização ambiental, quanto à importância de se plantar e preservar árvores, a fim de combater os efeitos do aquecimento global.
O coordenador do parque, Alessandro Diamantino, considera o evento relevante no que diz respeito à consciência e preservação ambiental. “É mais uma ação da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) em benefício da conservação do recursos naturais e do envolvimento da comunidade na preservação dos parques metropolitanos”.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

zoológico começa série de reformas pelo felinário

“Ficar sem ver o leão e o tigre é um pouco sem graça”. A queixa do eletricista Jorge Almeida, 41, visitante do Zoológico de Salvador, tem prazo para acabar. No próximo 12 de outubro, Dia das Crianças, o público da capital baiana poderá apreciar o novo felinário, a casa dos grandes felinos no zoo. A obra começou em abril e visa, principalmente, ao bem estar dos bichos.
Os novos ambientes formarão quatro recintos, separando as espécies. No total são 12 animais, sendo um casal de leões e um de onças-pretas, quatro onças-pintadas, três suçuaranas e um tigre. As grades, que cercavam o local, serão substituídas por divisórias de vidros, de 30 milímetros de espessura, e preparadas para alto impacto. “É um material seguro, que garante conforto acústico e privacidade ao animal,” afirma o coordenador do zoo, Gerson Norberto. Ele destaca que a obra, no formato e na proporção, é inédita no Brasil.
Nas novas moradas, os felinos poderão circular em uma área maior e semelhante ao seu habitat natural. “Eles terão 50% a mais de espaço, além da estrutura de concreto revestida por um sistema de rocha artificial, que permite valorizar o recinto com cachoeiras, quedas d’água, grutas e plataformas” explica o veterinário.
O felinário é a primeira das seis grandes reformas, que vão acontecer no zoo. O objetivo é contemplar todos os 1.420 animais, compostos por 146 espécies. Os próximos projetos a entrar em execução são o das aves e dos primatas.
Em paralelo às reformas, o zoo desenvolve pesquisas internas e em colaboração com outros centros de estudos, extrapolando a visão de zoológico como um local restrito à apreciação de animais. “Os que ainda não absorveram o absorveram a idntam essa idma direta e indireta.46 espilizarem e interagirem"essa idéia de conservação estão fadados a sumir”, opina Norberto.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

artesanato

Até amanhã (28), a Assembléia Legislativa da Bahia recebe cerca de 50 expositores da Feira Reviva Parque, que acontece todos os domingos no Parque Metropolitano de Pituaçu. O evento, organizado pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema), já passou pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) e pela Secretaria da Fazenda (Sefaz), e vai se instalar em outros pontos da cidade. O objetivo é tornar a Feira mais conhecida e divulgar o trabalho dos artesãos.
Na mostra, que está aberta das 8 às 17 horas, o público encontra produtos voltados para uma alimentação natural (sem agrotóxicos), além de materiais reciclados e artesanatos. “Há trabalhos que dão novos direcionamentos ao crochê, reaproveitamento de cocos, retalhos, e, principalmente, papel”, afirma a coordenadora da feira, Ana Javes. Ela acrescenta que exposições desse tipo são estimulantes para a sociedade perceber que o artesanato não está morto e que muitas famílias sobrevivem dessa arte.
Para o economista Otto Emanuel de Carvalho, 49, a ideia de levar demonstrações da Feira Reviva Parque para diversos locais de Salvador estreita a relação entre o público e os produtos. “É uma iniciativa muito boa, tanto para sabermos que existem artesanato e refeições alternativas, quanto para consumir”, disse.
Já Rosane Carvalho, 43, aproveitou o espaço para montar um stand só com culinária natural. Nele há uma variedade de iguarias que são feitas à base de vegetais, sem produtos derivados de animais. “Temos quibe de soja com legumes, pastel de berinjela com passas e azeitonas e o abaraite, um abará que não leva camarão”, descreveu a culinarista.
De acordo com Ana Javes, os diferentes locais por onde a feira tem passado, contribuem para o fortalecimento junto aos trabalhadores e ao público da ideia de responsabilidade ambiental. “Estamos recolhendo pilhas (baterias) e resíduos de óleo de cozinha, com o objetivo de dar o destino adequado a esses materiais”.

terça-feira, 27 de maio de 2008

jornalista da globo conversa com estudantes da fib

O apresentador do programa Linha Direta, Domingos Meirelles, veio a Salvador para discutir com alunos do Centro Universitário da Bahia (FIB), sobre o tema Mídia e Violência. O evento ocorreu hoje, às 19h, no Fiesta Convention Center. Aproximadamente 400 pessoas, entre estudantes, autoridades e profissionais de comunicação, assistiram à palestra.
Com 43 anos de carreira, Meirelles se ateve, principalmente, a relatar fatos e histórias de sua trajetória profissional. Em contrapartida, ele reservou um tempo para falar sobre o tema proposto e suas nuances. Ele acredita que a imprensa, em determinadas situações, pode potencializar o crescimento da violência. “A mídia pode aumentar a violência como multiplicadora de episódios, onde cada caso é um caso. Depende do repórter e de aspectos editoriais” diz. Para Meirelles, outro motivo que leva a mídia a contribuir com a violência, é o desespero da população por soluções para seus problemas. “A presença de uma câmera excita as pessoas. Elas queimam pneus, interditam ruas, fazem baderna”, conta.
O público que compareceu ao evento teve opiniões distintas sobre o conteúdo da palestra. A estudante de jornalismo, Luciana Cruz, achou que a presença de um profissional nacionalmente conhecido foi válida. “Gostei da palestra, o discurso dele foi muito bom, valeu a pena ver um jornalista da Globo falando”, comenta. Entretanto, outra aluna de jornalismo, Samira Silva, saiu insatisfeita e decepcionada. “Esperava mais. Ele apenas mencionou o assunto previsto. O que fez de verdade aqui foi o marketing pessoal dele”, afirma.
A gerente de Comunicação da FIB, Madalice Moura, viu com entusiasmo a repercussão do evento e prevê novas edições. “A intenção da FIB é continuar trazendo grandes personalidades para que os alunos possam aprender novos conteúdos com esses profissionais de renome”, revela.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

buda nagô

São suas as composições que melhor descrevem a Bahia (longínqua, diga-se de passagem), sua cultura, suas tradições, seu povo. Dorival Caymmi e sua “baianidade” excessiva – embebida em vida e música – sua adoração pela natureza, é um grande mestre do cancioneiro brasileiro.
Seu número de canções é considerado pequeno em comparação com a sua longevidade. Caymmi possui menos de 100 músicas. Porém, essa limitação quantitativa é facilmente superada pela imensurável qualidade da obra, pela forma singela e tocante de “contar histórias”. E sua trajetória teve início quando, ao chegar ao Rio de Janeiro, em 1938, foi intimado pelo compositor Braguinha, a fazer uma canção sobre a Bahia para Carmen Miranda gravar. Ele fez O Que é Que a Baiana Tem?, canção simbólica para a carreira da cantora, vide seus trajes e vestimentas tão peculiares.
Sempre explorando temas ligados a sua terra natal, Caymmi (junto com Jorge Amado) foi o grande “publicitário” da cultura da Bahia, com todo respeito à profissão. As canções sobre o mar, pescadores, baianas, localidades, comidas típicas, costumes, crenças, ritmos e sobre mulheres, o tornou um ícone da representatividade baiana pelo Brasil e pelo mundo.
No final dos anos 50, com a eclosão da bossa-nova, Caymmi foi eleito predecessor do movimento pelos próprios protagonistas. De fato, composições suas – em parceria com Carlos Guinle – como Não Tem Solução e Sábado em Copacabana (tema da novela Paraíso Tropical, da Rede Globo, na voz de Maria Bethânia), se constituíram em pontos de partida para a invenção do estilo de cantar e tocar violão de João Gilberto, que revolucionou a música popular brasileira e mundial.
Recebeu inúmeras homenagens pelo Brasil e pelo mundo. Em Salvador, virou nome de uma avenida que liga o bairro de Itapuã à Paralela; em Paris, foi condecorado com a “Comenda das Artes e Letras da França”, atribuída a importantes personalidades culturais; ganhou discos inteiros dedicados a sua obra pelas cantoras baianas Gal Costa, Jussara Silveira e Rosa Passos; e já foi até enredo da Estação Primeira de Mangueira. Ufa! Salve, Caymmi, senhor!


P.S.: Ainda firme e resistente, Caymmi completa 94 anos de vida hoje. Graças a Deus!