sexta-feira, 29 de abril de 2011

mamãe, quero ser grande

Ainda não começou o São João, mas às vésperas do BAxVI decisivo, que define qual dos rivais vai à final do Baianinho 2011, o clima está quente como as tradicionais fogueiras que adornam a festa junina. Em entrevista ao Jornal Correio* de ontem (28), o goleiro do Vitória, Viáfara, ídolo muito mais por sua personalidade e identificação, do que por suas atuais atuações, afirmou que as estrelinhas acima do escudo do Bahia não significam grandeza. E não significam mesmo. Simbolizam títulos nacionais que o Bahia conseguiu conquistar em épocas que, com a absoluta certeza da morte de todos, jamais se repetirão. O arqueiro lembrou também da falta de respeito que impera no tricolor. Ele tá certo. E tem "peito" pra dizer, friamente. Exceto Ávine, quem mais ali naquele elenco encarna e honra a camisa do Bahia? Como é que um jogador mediano dá um murro na cara de um dirigente inescrupuloso, sai do time, fala um monte de asneira do time adversário na Internet, e é idolatrado pela torcida? Um time grande não fica sete anos seguidos fora do principal campeonato nacional do país. Um time grande não toma 7x0 dentro de casa sob nenhuma possibilidade, como aconteceu com o Bahia em 2003, diante do Cruzeiro, na Fonte Nova. Um time grande não registra marcas negativas históricas, como o Bahia, que há alguns dias levou 5xo do Atlético-PR na Copa do Brasil, sendo o primeiro time do Nordeste a tomar uma surra dessa envergadura na história do torneio. Um time grande não fica 10 anos consecutivos sem conquistar o título estadual, ainda mais quando só tem um adversário à altura. Definitivamente, o Bahia não é grande. O Bahia tem dois títulos nacionais e uma grande (e pouco exigente) torcida... e nada mais. Grandeza é personalidade, estrutura, respeito e visão futurista. O Vitória, fora alguns deslizes provincianos, está no caminho certo. O resultado disso, que é o desejado título em nível nacional, está cada vez mais próximo. Batemos na porta recentemente. Vamos chegar lá e vou viver pra ver!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

produtores culturais baianos aprovam seminário de economia

“Esse evento é uma espécie de provocação aos agentes culturais de que não se pode só esperar pelos poderes públicos para fazer a cultura local se movimentar”. Essa é a opinião do produtor cultural Edson Costa, 52, sobre o Curso de Economia da Cultura e Empreendedorismo, cuja abertura aconteceu durante a manhã desta segunda-feira (11), no auditório Orlando Moscozo, na sede do Sebrae Bahia, nas Mercês, em Salvador. Para Costa, uma alternativa para os empreendedores culturais acessarem mais o mercado é buscar parcerias. “Grandes empresas chegam às comunidades diariamente através de produtos para revender. Falta uma visão administrativa para negociar com esses empresários da área privada”, afirma. Costa, que atua há mais de 25 anos na área, foi um dos mais de 100 participantes do seminário, entre empreendedores culturais e de setores que fazem interface, como turismo, moda e design, além de gestores públicos e privados que atuam no segmento. Os objetivos principais do encontro foram identificar instrumentos práticos envolvidos no processo de empreendedorismo cultural e examinar o ambiente legal, além de debater os aspectos institucionais sobre o exercício dos direitos culturais no Brasil. O superintendente do Sebrae Bahia, Edival Passos, ressaltou que a cultura, reconhecida como atividade rentável, precisa se quantificar para ser devidamente valorizada. “É preciso dar um passo adiante e aprender a tirar proveito dela como atividade econômica, mas com o cuidado de não mercantilizar e perder a essência”, explicou. Passos revelou que a instituição está apta a capacitar os produtores culturais na questão empreendedora do negócio. “Se é uma atividade econômica, nós vamos contribuir para organizar economicamente quem produz cultura no Estado”, definiu. Também presente ao evento, o superintendente de Promoção Cultural da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), Carlos Paiva, afirmou que economia é assunto estratégico na superintendência. “Isso porque a cultura tem grande potencial econômico já que é um setor de matriz limpa e renovável”, destacou. Paiva lembrou ainda as ações da Secult no sentido de mapear e qualificar os profissionais da área. “Através de debates e palestras apresentamos ao trade dados e pesquisas sobre as manifestações populares, além de qualificação, que é indispensável para o desenvolvimento do setor”, disse. Doutorando em Economia do Desenvolvimento, Leandro Valiati, falou aos presentes sobre construir tecnologias e quais as linhas necessárias para a economia da cultura, como a diferença entre valor e preço, por exemplo. “Há diversos bens culturais, de alto valor e representatividade para um povo, que não possuem preço porque não chegam nem a virar um produto. Preço é algo dado pelo mercado, que sofre alterações diversas”, explicou. De acordo com o professor, na economia, o que não se realiza, não existe. “Mas a economia cultural tem condições de produzir tecnologia que permita a dinamização das produções”, apontou. A dançarina e produtora cultural, Maria Juliana Passos, 26, considerou relevante a discussão sobre economia da cultura. “É uma ação válida, pois chama a atenção para a importância de adotarmos cada vez mais uma visão empresarial”, disse. Ela é proprietária da Mazurca Produções, que atua há três anos com montagem de espetáculos de dança contemporânea na capital baiana. Até chegar em Salvador, o Curso de Economia da Cultura e Empreendedorismo passou por São Paulo, Goiânia e Porto Alegre. Nesta terça-feira (12), é a vez de Manaus receber o seminário, que é uma realização da Garimpo de Soluções e Casa Ethos, com patrocínio do Sebrae Nacional.

sábado, 9 de abril de 2011

triste bahia

Foi realmente engraçado quando minha filha mais velha, Ana Flávia, me contou, abismada e aos risos, que sua avó, Paloma, queria saber se ela ia pular carnaval. A adolescente, com todo aquele sarcasmo da idade, respondeu perguntando: "pular???". A velha, acostumada aos bons tempos da folia de momo, ainda era adepta do verbo que melhor condizia as intenções dos foliões em outros tempos. Sou mais fã do tempo da vovó e já pulei alguns carnavais em Salvador. Mas não há que se estranhar o repúdio e espanto de Ana. Ela tem 13 anos e é dessa pobre geração musical (coitada!) do carnaval. Sempre entendi a folia como festa pra pular mesmo. Até porque as canções nos remetiam a isso: pular, dançar de qualquer jeito, extravasar, esquecer o mundo e externar a alegria. Eram frevos e galopes de levantar até defunto. Fora as chamadas "músicas agitadas", éramos contemplados com belíssimos samba-reggaes que continham verdadeiras aulas de história do Brasil. É óbvio que a canção não é algo estático e sofre influências e modificações. As misturas e incursões com outros ritmos e movimentos musicais são bem-vindas. Sempre serão, desde que somem e agreguem algo ao que já estava plantado. Porém, o que vem acontecendo com o carnaval de Salvador, em termos musicais, é uma verdadeira involução. Suponho que tudo isso seja fruto de um sistema educacional cada vez mais fajuto e sucateado, onde as canções perderam qualquer possibilidade de digestão, se trouxerem algo mais que histórias pitorescas regadas a muita cachaça, amor banal e barato, e sexo de uma forma vulgar e imbecil e suas devidas mímicas. A deseducação sombria que assola a população brasileira fez com que três canções completamente absurdas em todos os aspectos musicais (letra, canção, métrica, harmonia e até em ritmo, que poderia se salvar, mas nem isso) chegassem aos páreo de melhor música do carnaval 2011 em alguma premiação dessas dezenas aí. O terceiro lugar foi para... tchanrantchantchan... "tu quer beber? Eu não! Num quer por que? Tu quer fumar? Ãh ram!", cujo refrão, com afirmações negativas, cola na mente: "Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não". Essa é daquelas que surgem do nada e vão pra lugar nenhum em fração de segundos. Esquece. O segundo lugar foi outra pérola, inclusive pela criatividade. Tchubirabirom. Nem sei e nem vou pesquisar no Google se escrevi certo. Mas está aí a nova palavra do nosso dicionário. Tchubirabirom é o nome da música, cujo significado quer dizer... ninguém sabe dizer o que quer dizer. O que importa é colocar as mãos pra frente, cintura, cabeça e... tchubirabirom!. Vida curta pra essa também. E a grande vencedora é, talvez, a pior das três. A música mais demente que já tive o desprazer de escutar em meus 33 anos de existência. Ela é a que melhor representa todos os problemas (citados acima) que uma música não deveria ter. É completamente ruim em todos os sentidos. Não salva nada. Depois de tudo isso, só pode ser eu o maluco, lógico. Por que uma pseudo-música, repleta de problemas, é a grande vencedora como melhor música da maior festa popular do mundo... Isso é para que se percebam a que ponto chegou o nível musical do carnaval de Salvador. A tal da Liga da Justiça, que comete loucuras na composição (e deixou Luciano Huck tão boquiaberto quanto eu), tocou tanto nessa festa que eu nem soube das músicas rotuladas de axé. Qual foi mesmo o carro-chefe de Daniela Mercury, Asa de Águia, Banda Eva, Cheiro de Amor, Chiclete com Banana, Cláudia Leitte, Margareth Menezes e Ivete Sangalo para a folia? Me avisem aí que não me informaram. Pois aonde eu fiquei só tocava: "foge, foge Mulher Maravilha, foge, foge com o Super Man", a música do famigerado grupo LevaNóiz, que possui site oficial, com agenda de shows e até fã-clube. E acredite: o nome da banda eu tenho certeza que escrevi certo.