terça-feira, 24 de abril de 2007

programas de bolsas de estudo iniciam inscrições

Quem está interessado em bolsas de pós-graduação, deve ficar atento para os prazos. O terceiro bimestre do ano é o período em que as instituições abrem as suas inscrições. A 6ª seleção para o Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação mantido pela Fundação Ford (International Fellowships Programa – IFP), está com inscrições abertas até o dia 21 de maio. Já o Programa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), se estende até 11 de maio (até o meio-dia), para alunos que residem na Bahia.
Nas últimas cinco seleções brasileiras, o IFP já concedeu 210 bolsas. Atualmente, oferece 40 bolsas de mestrado (até dois anos) e doutorado (até três anos). No Brasil, o programa destina-se, prioritariamente, a pessoas negras ou indígenas, nascidas nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste, ou provenientes de famílias sem oportunidades econômicas e educacionais. Outra característica da bolsa do IFP é que exige dedicação exclusiva aos estudos. “Atividade remunerada só é aceita se tiver alguma relação com o projeto de dissertação ou tese, mediante aprovação prévia”, diz a coordenadora do programa no Brasil, Ana Pinheiro. Além da bolsa de estudos, o programa apoia a participação dos bolsistas em cursos de curta duração, como de idiomas, informática e elaboração de projeto. Os pré-projetos devem estar relacionados aos campos de atuação da Fundação Ford: Formação de Recursos e Desenvolvimento Comunitário; Conhecimento, Criatividade e Liberdade; Paz e Justiça Social.
O programa completo de iniciação científica da Fapesb representa investimento de aproximadamente 13 milhões, sendo 4,5 milhões para novas bolsas, e o valor restante, para a manutenção daquelas contratadas em 2006. Quanto ao número de bolsas oferecidas de pós-graduação, tanto para visitantes quanto para residentes, o total é de 110, sendo 80 de mestrado e 30 de doutorado. A duração das bolsas também é de dois anos (mestrado) e três anos (doutorado), e requerem dedicação exclusiva.
Mais informações sobre o IFP podem ser obtidas no site
www.programabolsa.org.br, pelo email programabolsa@fcc.org.br, ou diretamente com a Fundação Carlos Chagas, pelo telefone (11) 3722-4404. Para obter mais detalhes sobre o programa da Fapesb, através do site www.fapesb.ba.gov.br, pelo email bolsas@fapesb.ba.gov.br, e ainda através telefone (71) 3116-7680.

domingo, 8 de abril de 2007

um perfume

O Cheiro do Ralo é o nome do segundo longa-metragem que o pernambucano Heitor Dhalia assume a direção. O filme mostra a história de Lourenço (Selton Mello), dono de uma loja que compra objetos usados de pessoas com dificuldades financeiras. A grande questão é o jogo perigoso e perverso que ele estabelece com seus clientes. O que se percebe na tela é o consumismo exagerado, presente no cotidiano das pessoas.
Para Lourenço tudo tem preço, de coisas a pessoas. E esse é o enfoque da trama: discutir a questão do poder, do dinheiro. Quem tem grana pode comprar tudo? Até onde vão os princípios de cada um? Mas esse processo de transformar os seres humanos em coisas é colocado em risco quando o próprio Lourenço deseja uma relação de afeto. É interessante avaliar o tom de humor, ironia e cinismo que Dhalia coloca no filme. O diretor demonstra habilidade para apresentar o dia-a-dia de Lourenço e sua vida tacanha na cidade de São Paulo.
O personagem de Selton Mello tem suas esquisitices. É obcecado pelo bumbum da garçonete do boteco que ele frequenta, vive isolado em uma casa feia, e o pior: é transtornado pelo fedor que sai do ralo do banheiro da loja que possui. Selton Mello brinda o público com uma atuação fantástica, digna de sua competência. Paula Braun, que interpreta a garçonete, revelou-se uma grata surpresa. Para dar ainda mais brilho ao longa, Lourenço Mutarelli, o autor do livro que inspirou o filme, interpreta o segurança do estabelecimento. Distante de clichês, o aroma dessa obra faz muitíssimo bem às narinas.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

a vez dos invisíveis

O cerne da mostra de fotojornalismo Ruas Vivas é dar cara a anônimos que compõem o cenário urbano da capital baiana. Em cartaz no Memorial da Câmara Municipal de Salvador até o dia 13 de abril, a exposição apresenta 65 imagens de ambulantes, pedintes e transeuntes comuns, feitas pelos alunos do curso de jornalismo do Centro Universitário da Bahia (FIB). O trabalho envolveu mais de 50 estudantes e foi realizado entre setembro e dezembro de 2006, como atividade da disciplina Fotografia Jornalística I.
O fotojornalista Paulo Munhoz, professor e responsável pela curadoria, explica que o mote do trabalho é provocar no discente um olhar crítico sobre o mundo em que vive e convertê-lo em texto jornalístico imagético. “Alguns alunos nunca tinham caminhado pelo Centro de Salvador. Esse exercício lhes revelou que as ruas possuem vida e tramam enredos que fogem ao nosso olhar”, diz. O nome Ruas Vivas nasceu, justamente, da ideia primordial do projeto. “Transformar coadjuvantes em protagonistas, atores essenciais à vida urbana, a sua existência econômica e estética”, define a acadêmica e uma das coordenadoras da exposição, Cláudia Correia.
Realizar um trabalho fotográfico, onde os atores estão desacostumados com o papel principal, é uma tarefa árdua, mas gratificante. “Após fotografar em vários locais da cidade, como Barris e Calçada, foi divertido conversar com um mendigo e até fugir de um louco”, conta a aluna e fotógrafa Sheiliane Silva. Embora não existisse um delimitador de região, a maioria das fotos foi realizada no Centro da cidade e nas periferias. “Nos bairros, cujos moradores têm condições financeiras mais elevadas, esses personagens foram banidos. Restaram ruas assépticas e maquiadas”, explica Munhoz.
Na exposição, há imagens sob vários ângulos e concepções, que carregam seus discursos próprios, além da imagem pura. Fotos mais densas, como a de uma mulher, sentada em um banco no Campo Grande, delirando com uma chaga na perna, de Sheiliane Silva; mais leves, como a de um vendedor que cochila ao lado das bolas, feita por Clarissa Avelar; e transcendentes, como a de uma mulher negra, lavando roupas no Parque do Abaeté, acompanhada por sua filha, realizada por Cláudia Correia. Entre os visitantes da mostra, o funcionário público Edvan Miguez gostou do que viu: “São fotos que contemplam fielmente a Salvador dos esquecidos e excluídos, principalmente pelos órgãos oficiais”, comenta.