quarta-feira, 30 de abril de 2008

buda nagô

São suas as composições que melhor descrevem a Bahia (longínqua, diga-se de passagem), sua cultura, suas tradições, seu povo. Dorival Caymmi e sua “baianidade” excessiva – embebida em vida e música – sua adoração pela natureza, é um grande mestre do cancioneiro brasileiro.
Seu número de canções é considerado pequeno em comparação com a sua longevidade. Caymmi possui menos de 100 músicas. Porém, essa limitação quantitativa é facilmente superada pela imensurável qualidade da obra, pela forma singela e tocante de “contar histórias”. E sua trajetória teve início quando, ao chegar ao Rio de Janeiro, em 1938, foi intimado pelo compositor Braguinha, a fazer uma canção sobre a Bahia para Carmen Miranda gravar. Ele fez O Que é Que a Baiana Tem?, canção simbólica para a carreira da cantora, vide seus trajes e vestimentas tão peculiares.
Sempre explorando temas ligados a sua terra natal, Caymmi (junto com Jorge Amado) foi o grande “publicitário” da cultura da Bahia, com todo respeito à profissão. As canções sobre o mar, pescadores, baianas, localidades, comidas típicas, costumes, crenças, ritmos e sobre mulheres, o tornou um ícone da representatividade baiana pelo Brasil e pelo mundo.
No final dos anos 50, com a eclosão da bossa-nova, Caymmi foi eleito predecessor do movimento pelos próprios protagonistas. De fato, composições suas – em parceria com Carlos Guinle – como Não Tem Solução e Sábado em Copacabana (tema da novela Paraíso Tropical, da Rede Globo, na voz de Maria Bethânia), se constituíram em pontos de partida para a invenção do estilo de cantar e tocar violão de João Gilberto, que revolucionou a música popular brasileira e mundial.
Recebeu inúmeras homenagens pelo Brasil e pelo mundo. Em Salvador, virou nome de uma avenida que liga o bairro de Itapuã à Paralela; em Paris, foi condecorado com a “Comenda das Artes e Letras da França”, atribuída a importantes personalidades culturais; ganhou discos inteiros dedicados a sua obra pelas cantoras baianas Gal Costa, Jussara Silveira e Rosa Passos; e já foi até enredo da Estação Primeira de Mangueira. Ufa! Salve, Caymmi, senhor!


P.S.: Ainda firme e resistente, Caymmi completa 94 anos de vida hoje. Graças a Deus!