segunda-feira, 12 de julho de 2010

para debate...


Recebi esse texto por email como sendo de autoria da jornalista baiana Rosana Jatobá, que trabalha na TV Globo. Verdade ou não, vale a pena a reflexão.

Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos. Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:
- Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!

- Então estarei em casa, repliquei ironicamente.

- Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.

- A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?

- Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.

- Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.

- Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar...

De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que, de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.
Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "cabeça chata", outra denominação usada no sudeste para quem nasce no nordeste. Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.
Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:

- O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão. Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte:"O teu cabelo não nega, mulata, porque és mulata na cor, mas como a cor não pega, mulata, mulata, eu quero o teu amor"."É ofensivo", diz Miriam. Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem.

A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constragimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala. O cronista Rubem Alves publicou na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta:"Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra 'niger' para humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim:'Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe'...que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo). Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan 'black is beautiful'. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém". Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?
A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos" , mas cruéis. A nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:

- A minha "criadagem" não entra pelo elevador social! E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo?

Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:

- Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque! Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:

-Só podia ser loira!

Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:

- Só podia ser judeu!

A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia... Gosto muito do provérbio bíblico, legado do cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem". Invoco também a doutrina da física quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano. A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o princípio da igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser sustentável. O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque, em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorância e alimenta o monstro da maldade.

Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcóolatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:

- Só podia ser mendigo!

No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:

- Só podia ser bandido!

Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.


PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

seminários estimulam central de negócios no trade turístico

“É preciso quebrar esse paradigma de querer ganhar dinheiro sozinho, até porque o turismo não é área para quem deseja seguir carreira-solo”. Em tom de brincadeira, mas falando sério, o consultor do Sebrae, Fernando Amaral, destacou o tema principal do seminário Cooperar para Competir: constituir e operacionalizar uma Central de Negócios, possibilitando aos empresários do ramo aumentarem o faturamento em parceria com os concorrentes.
O evento, que faz parte do projeto de Qualificação do Turismo em Salvador e Entorno, vai acontecer de 12 a 22 de julho, em Cachoeira, Itaparica, Vera Cruz, Salvador, Imbassaí, Praia do Forte, Arembepe e Lauro de Freitas. A estimativa é que sejam beneficiados, aproximadamente, 600 participantes, entre empresários e profissionais autônomos, cuja maioria integra o Clube da Excelência.
As palestras para as 12 turmas serão proferidas pelos consultores do Sebrae, Dilton Filho, Nelma Fidelis e Tiago Valois. De acordo com Valois é fundamental que os empresários compreendam a importância do trabalho em conjunto. “É preciso unir forças para trazer o turista ao destino desejado, e, atuando de forma coletiva, reduzir custos, através do rateio de despesas, e aumentar a penetração no mercado”, destaca.
O seminário é uma realização do Sebrae Bahia em parceria com a Secretaria do Turismo do Estado da Bahia (Setur), Ministério do Turismo (MTur), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur/NE) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

terça-feira, 6 de julho de 2010

tabuleiros de baianas de acarajé vão ganhar novos toldos

Através de um concurso de ideias que será lançando até o final de julho pela Empresa de Turismo da Bahia (Bahiatursa). Dessa forma, serão produzidos, aproximadamente, as estampas dos 2 mil novos toldos dos tabuleiros das baianas de acarajé de Salvador e de 13 zonas turísticas da Bahia. A entrega dos materiais será feita em eventos nos 10 maiores aeroportos do país, justamente, em 25 de novembro, data em que se comemora, há 20 anos, o Dia da Baiana de Acarajé.
A iniciativa, uma parceria entre a Secretaria de Turismo (Setur) e Sebrae, foi lançada durante reunião na manhã desta terça-feira (6), na sede da Setur, no Caminho das Árvores. Estiveram presentes ao encontro, a presidente da Bahiatursa, Emília Maria Silva, o secretário de Turismo, Antonio Carlos Tramm, o supervisor de Economia Criativa do Sebrae, José Élio Souza, e a presidente da Associação das Baianas de Acarajé da Bahia, Rita Santos.
“Tudo o que é feito para melhorar o ego, a autoestima e dar visibilidade às baianas, é bem vindo”, afirmou Rita. A presidente da Bahiatursa, Emília Maria Silva, fez questão de destacar que o trabalho de criação dos novos toldos não deve obedecer a uma padronização, e que terá motivações distintas para cada região. “Para as que trabalham no Centro Histórico, por exemplo, o produto deve ter motivos afros, mas para quem está nas praias, nos bairros, ou no interior, serão outros temas”, destacou.
O secretário de Turismo, Antonio Carlos Tramm, aproveitou para valorizar as baianas de acarajé. “Assim como o Elevador Lacerda, o Mercado Modelo, e o Pelourinho, elas são um dos maiores cartões postais que nós temos”, apontou. E Tramm completou. “Quando o turista chega, ele quer logo tirar uma foto com as baianas, por isso esse trabalho na cobertura dos seus tabuleiros, já que elas são um símbolo da Bahia”.
Para o supervisor do Sebrae, José Élio, essa ação será “uma forma de valorizar e beneficiar as baianas locais”. Ainda de acordo com Élio, o Sebrae vai coordenar um seminário sobre ações de gestão e capacitação para as baianas de acarajé no próprio dia 25/11.