segunda-feira, 4 de julho de 2011

menos, companheiro

Eu passava ali na Av. Vasco da Gama, antes um pouquinho da Perini, quando um Celta vermelho parou em minha frente no semáforo. No alto do vidro traseiro, ele trazia o dizer: "Feliz foi Adão que morreu sem conhecer a sogra". Naturalmente, a reação imediata a isso são risos e mais risos. E eu o fiz. Mas pensando um pouco mais no assunto, certamente, sem sogra, eu não seria tão feliz quanto Adão e o dono do Celtinha. É verdade. Sei lá porque se criou e disseminou esse mito de que sogra não presta, sogra é um saco, pega no pé. Sinceramente não sei. A minha não é nenhum anjinho, mas tem muito mais qualidades que defeitos. Ela desconstrói aquela imagem de velhinha enjoada que quer a filhinha longe do "agregado". E a principal qualidade dela: prestatividade. O que já desmonta quaisquer defeitos que ela venha possuir. Ser prestativo é nobreza. É você priorizar o outro diante de você mesmo. É ajudar. E ela ajuda muito, sem obrigação de retorno. Sem dívida. Uma grande mulher, uma guerreira, mãe e avó. Acho-me um privilegiado pela sogra que tenho. Portanto, menos companheiro, menos.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

a dor

É triste e comovente ver Cristiano Verola, 28, chorar a morte de Estrela, uma égua que ele conheceu quando era um adolescente de 15 anos, e foi atropelda na estrada, trabalhando para a família Verola. Mas não me espanta esse amor. Tenho um yorkshire chamado Zé, que encontrei nas ruas de Salvador há dois anos e tenho por ele um amor imenso. Sem rodeios, um amor imenso e indescritível. Se ele morrer antes de mim (que é o provável), vou me ausentar de trabalho e tudo mais. As pessoas já sabem. Meu amor por ele é incondicional e não tem distinções. Os animais, com lealdade, afeto, respeito e gratidão são os maiores e mais nobres seres desse planetinha em que vivemos.

domingo, 19 de junho de 2011

post a bruno gouveia

A dor de Bruno Gouveia eu não sei exatamente qual é. Eu não perdi minha Morena de 1 aninho. Ele perdeu o Gabriel dele, de apenas 2 anos. Mas eu posso imaginar. Somos pais. E esse "pais" aí refere-se ao pai, exclusivamente. Ao longo da humanidade, devido a péssimos exemplos, a figura paterna teve a imagem distorcida. Havia um tempo em que dilemas judiciais envolvendo guarda de filho, não tinha discussão: fica com a mãe, independente de toda e qualquer circunstância. As coisas mudam. Homens e pais íntegros, presentes, conscientes, dedicados e amorosos como eu, ele e outros milhares por aí, alimentaram essas mudanças e vêm desconstruindo a ideia de mero "reprodutor" para a complexidade saborosa de ser "pai", no âmago da concepção. Esse humilde e singelo post é minha solidariedade a Bruno, que teve interrompida, de forma brusca e violenta, uma linda história de amor com seu rebento, recortada no blog www.mimevoce.blogspot.com. À dor profunda de Bruno, que eu não sei exatamente qual é. Eu não perdi minha Morena de 1 aninho. Ele perdeu o Gabriel dele, de apenas 2 anos. E o mais foda disso tudo é a certeza de que a vida tem que continuar. Bruno Gouveia, sinta-se abraçado!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

fornecedores do setor petroquímico apresentam produtos a empresas âncoras

Além de serviços de manutenção industrial, como elétrica e pintura, uma das demandas da Deten Química diz respeito à utilização de módulos habitáveis. Atento à oportunidade, o diretor comercial da Algeco Contêineres, Carlos Braz, ofereceu os serviços da empresa, que é especializada na locação e venda desses produtos. “Tivemos um diálogo bastante positivo e proveitoso, que vai gerar um negócio futuro, já que eles vão precisar de refeitórios e escritórios executivos”, aponta.
O contato entre representantes das empresas aconteceu durante a manhã desta quinta-feira (16), no Catussaba Resort Hotel, no bairro de Itapoan, em Salvador. O encontro fez parte da Rodada de Negócios Setorial, promovida pelo Sebrae em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), dentro do Programa de Qualificação de Fornecedores (PQF). O evento, que tem o apoio do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), teve o objetivo de agregar 82 empresas fornecedoras de produtos e serviços no setor petroquímico e 10 âncoras, promovendo uma aproximação comercial.

Para o coordenador de Suprimentos da Deten Química, Thadeu Handam, a Rodada de Negócios traz benefícios tanto para a empresa âncora, quanto para o fornecedor. “É importante para nós encontrarmos produtos e serviços essenciais aqui dentro da Bahia, próximo da gente, e para eles é a oportunidade de aparecer para o mercado. Esse é o canal de entrada para alavancarem dos negócios”, destaca.

O gerente de Capacitação Empresarial do IEL, André Luiz Pinto, acredita que o PQF, durante os seis anos de existência, está conseguindo convencer as grandes empresas do setor petroquímico sobre a alta qualidade dos produtos e serviços de fornecedores baianos. “Com o salto de qualidade das empresas que fornecem, a tendência é ampliar, ano a ano, a quantidade de âncoras no programa”. Atualmente, existem 12 grandes instituições cadastradas no PQF e 153 fornecedores.

De acordo com a gestora de projetos do Sebrae Bahia, Shirlei dos Santos, o encontro é uma oportunidade única para os fornecedores de Salvador e Região Metropolitana (RMS), conseguirem aumentar receita, ao negociar diretamente com profissionais das grandes corporações do setor. “Apresentando um portfólio adequado à demanda do comprador, eles podem até fechar negócios no próprio local”, ressalta.

Participante do PQF desde que começou, a diretora da LEDquadros, Soraia Carvalho, acredita que a Rodada de Negócios ajuda a fortalecer a imagem dos fornecedores baianos. “É uma oportunidade de fazer com que as grandes empresas se convençam de que podem encontrar produtos e serviços de alto nível aqui na Bahia”, afirma. A LEDquadros, situada na Estrada do Coco, está há 22 anos no mercado, onde atua com montagem de paineis elétricos para indústrias.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

inversão de valores

Esse mundo está mais doido do que se imagina. Quanto mais a gente pensa que as insanidades chegaram no limite, aparece mais uma. Esse caso do roubo dos instrumentos do Chiclete com Banana mesmo suscitou a mais nova palhaçada do povo brasileiro. Eu vi a notícia no portal IBahia e ao ler os comentários, que são livres, sem moderação, me deparei com a loucura. Em resumo, a maioria dos "comentaristas" defende que eles tinham que ser roubados porque têm dinheiro para comprar novos instrumentos. Essa visão distorcida de valores vem ganhando corpo em nossa população. A de que roubar tem, não só explicação, como justificativa. Não é justo roubar. Nunca será. Os integrantes do Chiclete com Banana têm grana mesmo. Se eles quiserem, compram 50 novas cargas das que foram roubadas. E daí? Caiu do céu o dinheiro deles? Tem uma plantação de "dólares" na fazenda de Bell? Claro que não. O dinheiro deles veio a muito custo, trabalho, esforço, dedicação e competência. Isso em muitos anos de empenho. Não foi da noite para o dia. Os caras ralaram e o fazem até hoje, apesar de gozarem de merecidos benefícios. E esses méritos não os fazem justas vítimas de assalto. Quem é pobre não deve ser roubado e nem quem é rico. Roubar é crime em qualquer circunstância e situação. Roubar nunca será justo, nem que seja um roubo aos "ricos" músicos do Chiclete com Banana.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

apostas



Começaram os campeonatos brasileiroe 2011. Esse ano o Leão está aonde não deveria, mas não há como fugir da realidade. O negócio é jogar bola e voltar à elite, seu devido lugar. É óbvio que o início da competição é um momento prematuro para chutar os vencedores e os prováveis rebaixados. Mas palpitar é sempre bom e todo mundo gosta. Jornalistas ligados à Rede Globo fizeram essa enquete e a maioria colocava o Jahia entre os rebaixados. Diante das contratações feitas, é difícil que isso aconteça, porém é válido torcer! Seguem os meus palpites dos 4 primeiros nas séries A e B e dos 4 últimos da série A. Faça a sua sugestão antes de os campeonatos engrenarem e no final voltamos aqui, quem sabe, para comemorar:





Série A

1- Vasco

2- São Paulo

3- Santos

4- Cruzeiro




17- Bahia

18- Coritiba

19- Avaí

20- América-MG




Série B

1- Vitória

2- Goiás

3- Sport

4- Criciúma

domingo, 15 de maio de 2011

alegria rala



O velho Baú chamou a atenção sobre aquelas pessoas que querem demonstrar uma felicidade imensa e colocam no msn coisas como: muuuuuuuuuuuuuuuito feliz! É óbvio que isso é exagero e dificilmente alguém está tão feliz assim. Isso lembra a situação dos torcedores do Bahia de Salvador. Há 10 anos sem título, querem fazer festa e comemoração com a conquista do outro Bahia, esse de Feira de Santana. Lá no fundo, é uma alegria absolutamente efêmera e mentirosa. Mentirosa para eles mesmos. Eles, naturalmente, acham bom que qualquer time ganhe o Baianinho, que não seja o Vitória. Porém, dizer que estão muuuuuuuuuuuuito felizes é se enganarem. Felicidade será quando (ou se) eles saírem desse jejum infernal de gritar: é campeão! A conquista do Bahia de Feira de Santana foi meritosa e um tanto justa, principalmente pelas atuações nas finais, e histórica, mas não muda o quadro do futebol baiano de 1990 para cá. Permanece a absurda hegemonia rubro-negra, roubada do rival nos campos de futebol, de maneira honesta e competente. Foram 15 títulos baianos, contra 5 do Bahia de Salvador, 1 do Colo-Colo de Ilhéus, e 1 do Bahia de Feira de Santana. Portanto, essa demonstração de contentamento da torcida do tricolor da capital diante do feito do genérico do interior cheira mais a desespero e angústia do que alegria verdadeira, pois essa carece de motivos mais profundos e latentes.

sábado, 14 de maio de 2011

esnobismo


É engraçado, mas meu pai me acha esnobe. Há alguns dias, durante um almoço em conversa informal, ele falou isso. Fiquei intrigado com o adjetivo aplicado porque não faço jus a ele. O fato é que ele me destinou essa indevida classificação apenas porque tenho "bom gosto" musical e não paro, sob nenhuma hipótese, por respeito e amor à música, para ouvir neoforrobrega e pagoputaria. Isso não me coloca como esnobe de jeito nenhum. Transito com facilidade em vários universos, converso e me dou bem com a maioria das pessoas, independente de condição financeira, cargo no trabalho, cor da pele, peso e altura. Confesso que fiquei até chateado com a infeliz declaração, porque meu pai é persuasivo e já disseminou isso para as pessoas com as quais ele tem mais convivência. Porém, o que vale mesmo é a consciência, que define o que realmente somos e não a rasa opinião alheia, que apenas supõe e deduz o que, muitas vezes, não somos.

sábado, 7 de maio de 2011

enfim a sós

Bermuda, camiseta e sandálias. Máquina fotográfica pendurada no pescoço. Trancoso ou Chapada Diamantina? Cairo, Atenas ou Roma? Essas são as terríveis dúvidas do caricato trabalhador no seu período de férias. Queria eu estar com essas terríveis dúvidas de destino. Entro de férias a partir de segunda-feira (9) e retorno ao trabalho no dia 8 de junho, 10 dias antes de minha Morena completar seu primeiro ano de vida. E não há nenhuma viagem programada, exceto para as escadas da casa, as torres de cd's, o aparelho de som e a comida de Zé. Esse são os locais preferidos da "malina Morena" (e não é o Cebolinha). Porém, engana-se quem pensa que só por isso não estou feliz com meu recesso (merecido!). Só o fato de ficar muito mais tempo junto da minha princesa já me vale ida e volta com hospedagem gratuita em qualquer desses lugares acima. Geralmente acordo às 5h30. Ela também. E esse, comumente, é nosso único encontro no dia, já que volto por volta de 20h e ela já está dormindo. Salvo raras excessões, meu dia-a-dia com ela é assim. Porém, durante 30 dias vou mudar radicalmente essa rotina, independente do trabalho que dê. Pegar minha filha no colo, cheirá-la, beijá-la, perceber as ações, as reações, as modificações, as evoluções... chamegar! É, eu e ela somos um chamego só! Então, minha férias vão se resumir a isso: estreitar ainda mais meus laços amorosos com minha filha que eu amo demais! Vamos para a Ribeira, Monte Serrat, Ponta de Humaitá, fotografar, sorrir e fazer nosso turismo em Salvador mesmo. E tô muito ansioso e feliz por isso!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

seres humanos

Eu não chego a dizer que odeio seres humanos, seria demais. Seria pessimismo exagerado com o mundo, visto que estes são os seres predominantes e temos que acreditar neles. Mas quando a gente vê mais provas de que muitos da espécie não valem o que há de mais desprezível na face da Terra, como esses três canalhas, ignorantes e repugnantes indivíduos dá muito asco da espécie humana. O pior é que além de todos esses adjetivos citados, eles são extremamente covardes, característica peculiar de seres humanos. Só o homem é dotado de covardia. E esses elementos da imagem fizeram questão de comprovar ao mundo o quanto eles são fracos e frouxos. Mas não valeria a pena eu alimentar a raiva que me toma nessas horas. Não faria bem a mim e nem muito menos ao animal cruelmente torturado na imagem, e que deve estar sentindo uma dor impossível de calcular. Expor essa imagem chocante, além de atestar do que humanos são capazes no esplendor da imbecilidade e maldade gratuita, é a minha contribuição para que se encontre esses crápulas e que se faça justiça a favor dos animais.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

boemia

"Ele voltou, o boêmio voltou novamente". Quando confirmei ontem (3), após visualizar o e-ticket pelo email (já que o bicho mente pra caramba!), que o velho Baú estava de volta à terrinha, me veio logo à cabeça esse trecho da canção de Adelino Moreira, imortalizada na voz de Nelson Gonçalves. Fiquei ainda mais voltado a essa música porque ele retorna justo hoje (4), quando completa 32 anos e já foi falando em "tomar uma!". Aí rodou logo o filme dos nossos bons tempos no Pelourinho (quando estava no auge). Nego Bi é amigo de infância, crescemos todos juntos. Gargalhada fácil, bom humor e prestatividade são as principais caracterísiticas do querido "Beirada" (saudoso Ito). Teve uma época em que só andávamos no Pelourinho, curtindo Wilson Carvalho e Biér, regado a muita cuba libre. O lugar lembrava aqueles ambientes antigos onde as pessoas iam "beber e conversar e esquecer os problemas". Eu, ele, Dério, Simone e Taty era o time que me vem a cabeça nesse longa metragem. É bom que ele volte. É bom ter por perto as pessoas de quem a gente gosta de verdade, da maneira como elas são. Baú é espontâneo, é natural e é querido. Por mim e por meus irmãos, ele é. Ele só está voltando para o lugar de onde não deveria ter saído nunca. Que seja pra ficar. Um bar nos espera!


A volta do boêmio
(Adelino Moreira)


Boemia, aqui me tens de regresso
E suplicante te peço a minha nova inscrição
Voltei pra rever os amigos que um dia
Eu deixei a chorar de alegria
Me acompanha o meu violão

Boemia, sabendo que andei distante,
Sei que essa gente falante vai agora ironizar
Ele voltou! O boêmio voltou novamente
Partiu daqui tão contente
Por que razão quer voltar?

Acontece que a mulher que floriu meu caminho
De ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu coração
Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir
Meu amor, você pode partir, não esqueça o seu violão
Vá rever os seus rios, seus montes, cascatas
Vá sonhar em novas serenatas e abraçar seus amigos leais
Vá embora, pois me resta o consolo e alegria
De saber que depois da boemia
É de mim que você gosta mais

terça-feira, 3 de maio de 2011

mãe de verdade

Perder um ente querido sempre é um baque. Imagine perder a mãe? A minha, vítima de câncer, deixou a mim e aos meus dois irmãos, quando eu tinha exatos 21 anos, precisamente em 23 de agosto de 1999. Ela tinha 55. Hoje tenho 33. Fazendo as continhas, são 12 anos sem ela. Em 2011 será o 11º Dia das Mães sem ela. Quando uma pessoa que a gente ama morre, após algum tempo a gente se acostuma. Não tem jeito, a vida continua. E tem vezes, por mais cruel que seja, que a gente nem lembra da pessoa. Mas também quando uma pessoa que a gente ama morre, tem momentos em que a gente sente uma falta e uma saudade imensas. Sem condições de mensurar. Às vésperas de mais um Dia das Mães sem ela, senti uma falta profunda dela. Minha mãe criou três filhos sem pai por perto. Três filhos homens e em "escadinha" como diz o povo. Um atrás do outro. Mãe solteira só não trabalhava nas Casas Bahia, mas cumpria seu labor diário com mérito e empenho no Fórum Teixeira de Freitas. Grande mulher e mãe. Viveu para os rebentos. Tudo que estava a seu alcance migrou para os filhinhos, que nunca tiveram o devido reconhecimento. Talvez nunca tenha dito a ela com tanta franqueza, mas a amo, sempre amei minha mãe... muito! Ela não está mais aqui. Não sei se é tarde para dizer isso. Acho que não. Certamente o sentimento, quando verdadeiro, ultrapassa qualquer barreira visual de comunicação. Mais um Dia das Mães sem ela: mãe de verdade!

a canção deles (ou não)

Ele sempre passou aquela imagem de macho "durão" e insensível. Imaturo. Já chegou nos 30 e essa fase traz na bagagem um pouco mais de saber. De filhinho de papai a policial militar muita coisa acontece! Aconteceu. Amizade de infância, menina de coração grande, azuadinha. De volta a Salvador, terra que ama de paixão, veio pra ficar. Voltou em companhia de um anjo. Brigas, confusões e desentendimentos frutos de orgulho, puerilidade e falta de diálogos... talvez amor! Sozinho aqui. Como lidar com essa tal solidão? Mãe já foi há mais de 10 anos, pai nunca teve representatividade. E agora? O vazio talvez traga a realidade de um sentimento, que abarcou grandes "guerreiros" como Lampião, porque não a ele? E por que não a ela? Tem um anjo no meio. Deve haver um resquício de amor.

Mapa-múndi (Thiago Pethit)

Me escreva uma carta sem remetente
Só o necessário e se está contente
Tente lembrar quais eram os planos
Se nada mudou com o passar dos anos
E me pergunte o que será do nosso amor?

Descreva pra mim sua latitude
Que eu tento te achar no mapa-múndi
Ponha um pouco de delicadeza
No que escrever e onde quer que me esqueças
E me pergunte o que será do nosso amor?

Ah, se eu pudesse voltar atrás...

xalaiálaiá

As partidas valendo pelas semifinais do Baianinho 2011, envolvendo Vitória e Bahia, além de manterem "tudo como d'antes no Quartel de Abrantes", isto é, a estúpida supremacia do Leão nos últimos 20 anos, serviram para trazer nova desconstrução à tona: a guerra (sadia, diga-se de passagem) entre as torcidas. Em números absolutos, indiscutivelmente, a do Tricolor ainda é maior, apesar do grande surgimento de novos rubro-negros. O que trago para a pauta é um tema que está indo por terra: o comportamento no estádio. Diz o mito que a do Bahia agita e a do Vitória é quietinha. Diz o mito. Mas mitos estão aí para serem quebrados. Quem presenciou os dois jogos percebeu a diferença grande em ambos os estádios, inclusive em Pituaçu, onde a massa rubro-negra era bem menor, obedecendo à cota. A torcida do Vitória, já há alguns anos, se comporta de maneira muito mais empolgada e animada que a torcida do rival. Porém, nos BAxVi's recentes ficou muito nítida essa diferença. Os rubro-negros engoliram os tricolores no campo e, principalmente, nas arquibancadas. Nota-se até a torcida do Bahia um pouco assustada e acuada, meio sem entender. Afinal, é difícil acostumar-se com novas realidades. A renovação da turma, criativa, exigente e não menos apaixonada, e atenta às tendências, traz esse paradigma para sacudir o futebol baiano. "Sua estrela já era, o meu Leão impera..."

sexta-feira, 29 de abril de 2011

mamãe, quero ser grande

Ainda não começou o São João, mas às vésperas do BAxVI decisivo, que define qual dos rivais vai à final do Baianinho 2011, o clima está quente como as tradicionais fogueiras que adornam a festa junina. Em entrevista ao Jornal Correio* de ontem (28), o goleiro do Vitória, Viáfara, ídolo muito mais por sua personalidade e identificação, do que por suas atuais atuações, afirmou que as estrelinhas acima do escudo do Bahia não significam grandeza. E não significam mesmo. Simbolizam títulos nacionais que o Bahia conseguiu conquistar em épocas que, com a absoluta certeza da morte de todos, jamais se repetirão. O arqueiro lembrou também da falta de respeito que impera no tricolor. Ele tá certo. E tem "peito" pra dizer, friamente. Exceto Ávine, quem mais ali naquele elenco encarna e honra a camisa do Bahia? Como é que um jogador mediano dá um murro na cara de um dirigente inescrupuloso, sai do time, fala um monte de asneira do time adversário na Internet, e é idolatrado pela torcida? Um time grande não fica sete anos seguidos fora do principal campeonato nacional do país. Um time grande não toma 7x0 dentro de casa sob nenhuma possibilidade, como aconteceu com o Bahia em 2003, diante do Cruzeiro, na Fonte Nova. Um time grande não registra marcas negativas históricas, como o Bahia, que há alguns dias levou 5xo do Atlético-PR na Copa do Brasil, sendo o primeiro time do Nordeste a tomar uma surra dessa envergadura na história do torneio. Um time grande não fica 10 anos consecutivos sem conquistar o título estadual, ainda mais quando só tem um adversário à altura. Definitivamente, o Bahia não é grande. O Bahia tem dois títulos nacionais e uma grande (e pouco exigente) torcida... e nada mais. Grandeza é personalidade, estrutura, respeito e visão futurista. O Vitória, fora alguns deslizes provincianos, está no caminho certo. O resultado disso, que é o desejado título em nível nacional, está cada vez mais próximo. Batemos na porta recentemente. Vamos chegar lá e vou viver pra ver!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

produtores culturais baianos aprovam seminário de economia

“Esse evento é uma espécie de provocação aos agentes culturais de que não se pode só esperar pelos poderes públicos para fazer a cultura local se movimentar”. Essa é a opinião do produtor cultural Edson Costa, 52, sobre o Curso de Economia da Cultura e Empreendedorismo, cuja abertura aconteceu durante a manhã desta segunda-feira (11), no auditório Orlando Moscozo, na sede do Sebrae Bahia, nas Mercês, em Salvador. Para Costa, uma alternativa para os empreendedores culturais acessarem mais o mercado é buscar parcerias. “Grandes empresas chegam às comunidades diariamente através de produtos para revender. Falta uma visão administrativa para negociar com esses empresários da área privada”, afirma. Costa, que atua há mais de 25 anos na área, foi um dos mais de 100 participantes do seminário, entre empreendedores culturais e de setores que fazem interface, como turismo, moda e design, além de gestores públicos e privados que atuam no segmento. Os objetivos principais do encontro foram identificar instrumentos práticos envolvidos no processo de empreendedorismo cultural e examinar o ambiente legal, além de debater os aspectos institucionais sobre o exercício dos direitos culturais no Brasil. O superintendente do Sebrae Bahia, Edival Passos, ressaltou que a cultura, reconhecida como atividade rentável, precisa se quantificar para ser devidamente valorizada. “É preciso dar um passo adiante e aprender a tirar proveito dela como atividade econômica, mas com o cuidado de não mercantilizar e perder a essência”, explicou. Passos revelou que a instituição está apta a capacitar os produtores culturais na questão empreendedora do negócio. “Se é uma atividade econômica, nós vamos contribuir para organizar economicamente quem produz cultura no Estado”, definiu. Também presente ao evento, o superintendente de Promoção Cultural da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), Carlos Paiva, afirmou que economia é assunto estratégico na superintendência. “Isso porque a cultura tem grande potencial econômico já que é um setor de matriz limpa e renovável”, destacou. Paiva lembrou ainda as ações da Secult no sentido de mapear e qualificar os profissionais da área. “Através de debates e palestras apresentamos ao trade dados e pesquisas sobre as manifestações populares, além de qualificação, que é indispensável para o desenvolvimento do setor”, disse. Doutorando em Economia do Desenvolvimento, Leandro Valiati, falou aos presentes sobre construir tecnologias e quais as linhas necessárias para a economia da cultura, como a diferença entre valor e preço, por exemplo. “Há diversos bens culturais, de alto valor e representatividade para um povo, que não possuem preço porque não chegam nem a virar um produto. Preço é algo dado pelo mercado, que sofre alterações diversas”, explicou. De acordo com o professor, na economia, o que não se realiza, não existe. “Mas a economia cultural tem condições de produzir tecnologia que permita a dinamização das produções”, apontou. A dançarina e produtora cultural, Maria Juliana Passos, 26, considerou relevante a discussão sobre economia da cultura. “É uma ação válida, pois chama a atenção para a importância de adotarmos cada vez mais uma visão empresarial”, disse. Ela é proprietária da Mazurca Produções, que atua há três anos com montagem de espetáculos de dança contemporânea na capital baiana. Até chegar em Salvador, o Curso de Economia da Cultura e Empreendedorismo passou por São Paulo, Goiânia e Porto Alegre. Nesta terça-feira (12), é a vez de Manaus receber o seminário, que é uma realização da Garimpo de Soluções e Casa Ethos, com patrocínio do Sebrae Nacional.

sábado, 9 de abril de 2011

triste bahia

Foi realmente engraçado quando minha filha mais velha, Ana Flávia, me contou, abismada e aos risos, que sua avó, Paloma, queria saber se ela ia pular carnaval. A adolescente, com todo aquele sarcasmo da idade, respondeu perguntando: "pular???". A velha, acostumada aos bons tempos da folia de momo, ainda era adepta do verbo que melhor condizia as intenções dos foliões em outros tempos. Sou mais fã do tempo da vovó e já pulei alguns carnavais em Salvador. Mas não há que se estranhar o repúdio e espanto de Ana. Ela tem 13 anos e é dessa pobre geração musical (coitada!) do carnaval. Sempre entendi a folia como festa pra pular mesmo. Até porque as canções nos remetiam a isso: pular, dançar de qualquer jeito, extravasar, esquecer o mundo e externar a alegria. Eram frevos e galopes de levantar até defunto. Fora as chamadas "músicas agitadas", éramos contemplados com belíssimos samba-reggaes que continham verdadeiras aulas de história do Brasil. É óbvio que a canção não é algo estático e sofre influências e modificações. As misturas e incursões com outros ritmos e movimentos musicais são bem-vindas. Sempre serão, desde que somem e agreguem algo ao que já estava plantado. Porém, o que vem acontecendo com o carnaval de Salvador, em termos musicais, é uma verdadeira involução. Suponho que tudo isso seja fruto de um sistema educacional cada vez mais fajuto e sucateado, onde as canções perderam qualquer possibilidade de digestão, se trouxerem algo mais que histórias pitorescas regadas a muita cachaça, amor banal e barato, e sexo de uma forma vulgar e imbecil e suas devidas mímicas. A deseducação sombria que assola a população brasileira fez com que três canções completamente absurdas em todos os aspectos musicais (letra, canção, métrica, harmonia e até em ritmo, que poderia se salvar, mas nem isso) chegassem aos páreo de melhor música do carnaval 2011 em alguma premiação dessas dezenas aí. O terceiro lugar foi para... tchanrantchantchan... "tu quer beber? Eu não! Num quer por que? Tu quer fumar? Ãh ram!", cujo refrão, com afirmações negativas, cola na mente: "Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa não". Essa é daquelas que surgem do nada e vão pra lugar nenhum em fração de segundos. Esquece. O segundo lugar foi outra pérola, inclusive pela criatividade. Tchubirabirom. Nem sei e nem vou pesquisar no Google se escrevi certo. Mas está aí a nova palavra do nosso dicionário. Tchubirabirom é o nome da música, cujo significado quer dizer... ninguém sabe dizer o que quer dizer. O que importa é colocar as mãos pra frente, cintura, cabeça e... tchubirabirom!. Vida curta pra essa também. E a grande vencedora é, talvez, a pior das três. A música mais demente que já tive o desprazer de escutar em meus 33 anos de existência. Ela é a que melhor representa todos os problemas (citados acima) que uma música não deveria ter. É completamente ruim em todos os sentidos. Não salva nada. Depois de tudo isso, só pode ser eu o maluco, lógico. Por que uma pseudo-música, repleta de problemas, é a grande vencedora como melhor música da maior festa popular do mundo... Isso é para que se percebam a que ponto chegou o nível musical do carnaval de Salvador. A tal da Liga da Justiça, que comete loucuras na composição (e deixou Luciano Huck tão boquiaberto quanto eu), tocou tanto nessa festa que eu nem soube das músicas rotuladas de axé. Qual foi mesmo o carro-chefe de Daniela Mercury, Asa de Águia, Banda Eva, Cheiro de Amor, Chiclete com Banana, Cláudia Leitte, Margareth Menezes e Ivete Sangalo para a folia? Me avisem aí que não me informaram. Pois aonde eu fiquei só tocava: "foge, foge Mulher Maravilha, foge, foge com o Super Man", a música do famigerado grupo LevaNóiz, que possui site oficial, com agenda de shows e até fã-clube. E acredite: o nome da banda eu tenho certeza que escrevi certo.

sexta-feira, 25 de março de 2011

incondicional

Minha neném completou nove meses dia 18 de março. O tempo voou como dizia uma propaganda de banco e eu nem notei que só faltam três meses para Morena comemorar seu primeiro aninho de vida. O mais curioso nesse ainda curto trajeto de existência dela, além das mudanças de fisionomia e comportamento, é o sentimento, a afeição. Eu sou (sempre fui) muito sentimental. Só para se ter uma ideia, hoje de manhã, ao estacionar o carro, eu vi um rato morto e fiquei triste, sentido, porque sei que aquele animal sofreu, sentiu dor para morrer, pois, provavelmente, foi assassinado por alguém. Mas... deixa pra lá. Voltando. O laço afetivo entre ela e as pessoas, principalmente as que convivem com ela, é algo fascinante. Parece que se desenvolve em paralelo ao tempo. Minha filha é o amor da minha vida. Nada forçado por ser o pai. É que ela, do jeitinho que ela é, com aquela cara, aqueles gestos, é o amor da minha vida. E falar de amor, o mais nobre dos sentimentos, sempre requer cautela para não cair em lugar comum e banalização. O que pretendo destacar nesse texto é que meu amor por minha filha é tão verdadeiro que independe do que ela sente por mim. Ou sentirá um dia. É tão verdadeiro e tão maravilhoso que chega a ser canino, pois eu não preciso de reciprocidade para amá-la. Eu a amo e só... e ponto final.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

reportagens para prêmio sebrae de jornalismo podem ser produzidas até 28 de fevereiro de 2011

Práticas vitoriosas em pequenos negócios, empreendedorismo, cooperação, competitividade, inovação, além de políticas públicas e legislação. Esses são os seis temas que devem abordar as reportagens de jornalistas de todo o país para concorrer à terceira edição do Prêmio Sebrae de Jornalismo. É importante atentar que as inscrições vão até 05 de março, mas podem concorrer à premiação, matérias veiculadas entre 1 de janeiro de 2010 e 28 de fevereiro de 2011.
O vencedor do Grande Prêmio fatura R$ 25 mil, e os melhores trabalhos nas categorias jornalismo impresso, radiojornalismo, telejornalismo e webjornalismo, além do Prêmio Especial do Júri, que contempla a melhor matéria sob a pauta Inovação, levam R$ 12,5 mil. O valor de R$ 3 mil cabe aos ganhadores da Menção Honrosa, destinada a fotojornalismo e reportagem cinematográfica. Os vencedores também receberão um troféu, e os finalistas, certificados. E ainda todos os inscritos no prêmio ganham uma assinatura semestral da Revista Imprensa.

O objetivo principal do Prêmio Sebrae de Jornalismo é reconhecer os profissionais da imprensa, por meio das melhores matérias e reportagens veiculadas na mídia sobre o universo das micro e pequenas empresas no Brasil. Entre as novidades da edição atual, que foi lançada em novembro de 2010, está a ampliação de oportunidades às mídias de todas regiões do Brasil.

Outro diferencial é que a escolha dos melhores trabalhos vai acontecer em três fases, ao contrário das edições anteriores, em que havia apenas os júris regional e nacional. Desta vez, as reportagens serão submetidas à apreciação de um júri estadual, que vai escolher os selecionados para um júri regional, que por sua vez encaminha as melhores matérias para o júri nacional. Além disso, haverá uma premiação para o vencedores estaduais.

A ficha de inscrição, regulamento e informações sobre os formatos de entrega dos trabalhos podem ser encontrados no site www.portalimprensa.com.br/premiosebrae. A entrega poderá ser feita pelos Correios ou pessoalmente na sede da Revista Imprensa, situada à Rua Rego Freitas, 454 – 6º andar, conj. 61 – Centro – CEP: 01220-010 – São Paulo (SP), até a data máxima prevista para a inscrição.

A publicação dos finalistas nacionais – cinco por categoria – será feita pelo Portal Imprensa e pela Agência Sebrae de Notícias em maio de 2011. A divulgação dos vencedores e a entrega dos prêmios serão realizadas em junho de 2011.

Criada pelo Sebrae em parceria com a Revista Imprensa, a premiação conta com o apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação para premiar matérias veiculadas na imprensa nacional e regional relativas aos pequenos negócios.

catadores assistem ao filme lixo extraordinário

Mais de 50 profissionais que trabalham na CAEC e na Cooperativa de Catadores de Canabrava (Cooperbrava), terão a oportunidade de assistir ao filme Lixo Extraordinário, indicado ao Oscar 2011 na categoria Documentário de Longa-Metragem. A sessão será nesta quinta-feira (10), às 17h, no Espaço Unibanco Glauber Rocha, na Praça Castro Alves, centro de Salvador. O objetivo da ação, organizado pelo Centro de Estudos Socioambientais do Pangea, é levar aos catadores uma possibilidade de reflexão sobre o passado, a realidade de um trabalho digno no presente e as perspectivas de futuro.
“Eles vieram do lixão e, organizados, estão com a possibilidade de industrializar materiais reciclados por eles mesmos”, afirma o diretor do Pangea, Antonio Bunchaft. Para ele, o filme é uma oportunidade para os catadores ampliarem conhecimento e buscarem crescer ainda mais na profissão. São esperados, além dos catadores, representantes de empresas de reciclagem e de condomínios que fazem coleta seletiva. “É uma temática extremamente atual, pois os trabalhos organizados e cooperados interferem positivamente no desenvolvimento econômico e social”, conclui Bunchaft. Após a sessão haverá um debate entre os presentes.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

tem serventia

Sempre que vem uma edição do BBB e os "metidos a intelectuais de plantão" se manifestam dizendo que não vão assistir porque é uma porcaria, uma idiotice mas terminam assistindo, chegam na minha caixa de emails aquelas mensagens de protesto. O pior é como a última que recebi, e que me motivou a escrever estas linhas, que vem com assinatura de nomes de peso, talvez com o intuito de dar credibilidade e convencer as pessoas. Luis Fernando Veríssimo, indiscutível cronista brasileiro, foi a vítima da falcatrua de um dos "metidos a intelectuais de plantão" dessa vez. Na mensagem, dentre aquelas mesmas argumentações de que o programa não educa, que a Rede Globo lucra milhões com as ligações, que todos os telespectadores são imbecis, ele citou, com o objetivo de demonstar o quanto ele respeita e valoriza a diversidade humana, a frase "não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer". Esse tipo de declaração, que pela construção, já é homofóbica, também é super manjada nesses textinhos "senso comum" que rolam em época de BBB. Mas resolvi falar sobre ela mesmo assim.
Ora bolas, "intelectual", é óbvio que cada um faz da vida o que quer. Mas essa argumentação, tão deslumbrante, não cabe no contexto. Em um mundo extremamente insano, onde imperam como animais dominantes, os mais intrometidos do reino, que são os humanos; onde o caráter, personalidade, aceitação social e capacidade intelectual das pessoas, são analisados e avaliados de acordo com seus mais íntimos desejos, que são os sexuais (isso nos casos em que o comportamento ou estereótipo entrega, diga-se de passagem), será que alguém escolheria ser gay? Com o mínimo de neurônios passeando pelo cerébro, a resposta é não. Conclusão: não é uma questão de escolha e de "fazer da vida o que quiser", como se fosse algo adquirido no mundo externo e absorvido pela pessoa. É aquela velha história, homofóbica, que se o menininho com seus 10 anos, vê dois homens se beijando, vai querer fazer o mesmo (engraçado é que ele vê zilhões de homens e mulheres se beijando e não faz efeito...). A homosexualidade não vem de fora para dentro. Abandonemos essa ignorância tamanha. É nítido que os gays já nascem gays e desenvolvem, assim como os heteros, pois não há distinção como seres humanos, essa sexualidade ao longo da vida. Inclusive o universo sexual é algo muito complexo para esses "intelectuais" definirem em uma tacada só.
No BBB 11, por exemplo, (olha a utilidade do programa...), há quatro gays completamente diferentes, excluindo o caso ainda mais complexo que é o da Paula (tri?!). A única mulher, Diana, se diz homo, mas beija os homens com calor e desejo de uma hetero, sem tirar nem pôr. Ela não está fazendo tipo. Está claro. Porém, o estereótipo dela é gay... os jeitos e trejeitos... Quem só olha, aposta que ela só deseja mulheres, mas não é. Quanto aos dois homens, são gays de gerações diferentes, digamos assim, com suas semelhanças também. Eles são do tipo que se vestem e comportam como heteros, mas gostam, exclusivamente no que diz respeito a sexo, de homens. E o assunto aqui é desejo e não ato sexual, visto que a orientação se pauta pelo sentimento e não pela ação na hora de transar. A principal diferença entre eles é de época mesmo, com mudança de estereótipo. Daniel é mais franzino e efeminado, padrão que imperava em sua geração e Lucival é forte, musculoso e sem afetações, mais comum na era atual. Como se diz na Bahia: "é mais plantado". E Ariadna? Essa transexual é a que melhor desconstrói a frase do gênio sobre "fazer da vida o que quer". O caso das transexuias, que vai além das travestis, pois essas mantém a genitália masculina por uma série de motivos que só em outro post para discutirmos, é fantástico. Quando Pedro Bial chama os participantes de heróis e "neguinho" pira, eu concordo com Bial. Há um quê de heroísmo sim em expor sua vida, invadindo a casa das pessoas pela televisão, seu comportamento, mesmo quem em competição por R$ 1,5 milhões. Mais ainda para uma transexual, que é a Mulher Maravilha dessa edição (que os pagodeiros não leiam esse texto...).
Ela não fez da vida o que ela quis. Essa afirmação é muito simplória e superficial. Ela fez da vida dela o que ela teve que fazer. Ela é uma mulher, e por favor não me atirem pedras, mulheres outras. Só que ela, Ariadna, como tantas outras Ariadnas por aí, nasceu com um pênis entre as pernas e anatomia masculina. Mas quem somos nós, além de humanos intrometidos, para julgar a formação humana de alguém por questões biológicas?
Desculpe-me a ciência, mas é reduzir demais uma análise que requer profundidade. Ela apenas adequou seu corpo à sua mente. E ficou plena. Respeitemos, e mais que isso: valorizemos as diferenças.
Agora, repare o tamanho desse texto.
Tá vendo que o BBB serve para alguma coisa?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ronaldinho gaúcho: farsa, samba e censura na gávea


Patricia Amorim é presidente do Flamengo.

Bastaram 792 votos.

Para comandar a alma de 33 milhões de brasileiros, bastou essa simbólica votação.

Eleições em clubes no Brasil são sempre estranhas demais.

Foram pouco mais de 2.300 sócios que participaram da eleição.

Ela concorreu representando a Chapa Branca.

Interessante...

Chapa branca é a expressão que os jornalistas utilizam para entrevistas que só fazem perguntas que agradam o entrevistado.

O deixam à vontade.

Muitas vezes são combinadas com antecedência.

Ele sabe o que será perguntado.

Muitas vezes até pede que certo assunto seja destacado.

E outros não sejam colocados, de jeito nenhum.

Ronaldo depois do caso dos travestis deu uma marcante.

Neymar depois da briga com Dorival Júnior.

Até o casal Nardoni também...

Pois bem, hoje é a vez de Ronaldinho Gaúcho.

Sua contratação pelo Flamengo foi fruto de um leilão mal conduzido por Assis.

De acordo com dirigentes do Palmeiras e do Grêmio, ele deu sua palavra que o irmão jogaria em São Paulo e em Porto Alegre.

Acabou no festivo Rio de Janeiro.

Desde 2006, Ronaldinho Gaúcho vive uma decadência técnica impressionante.

Suas farras, festas de virar a noite se tornaram marca registrada.

Assim como suas brigas com treinadores.

Foi assim que saiu do Barcelona.

E agora do Milan.

Desprestigiado, na reserva desses times.

E visto pelos dirigentes como péssimo exemplo.

Tanto a postura do leiloeiro Assis como a decadência de Ronaldinho Gaúcho são assuntos vetados na coletiva de hoje.

Com o aval da presidente Patricia Amorim, haverá uma farsa batizada de entrevista coletiva.

Todos os veículos de comunicação que desejassem fazer perguntas a Ronaldinho deveriam mandá-las até as 10 horas para a assessoria de imprensa do clube.

Essas perguntas passarão por um rigoroso filtro.

E às 17 horas quando a coletiva acontecer, um apresentador que o Flamengo escolher fará as perguntas a Ronaldo.

A entrevista terá 30 minutos exatos.

Esse apresentador pode até não fazer pergunta alguma dos jornalistas.

Se elas não forem convenientes, fará as que a assessoria do Flamengo e Assis e Ronaldinho decidirem.

Sem ser vidente, já é possível que ele falará que realizará um sonho em jogar com a camisa 10 de Zico.

Que o Flamengo o levará para a Seleção Brasileira de volta.

Do prazer de encontrar novamente Vanderlei Luxemburgo.

Da impressionante e apaixonante torcida do Flamengo.

Que estará pronto fisicamente para jogar em fevereiro, quando acaba o contrato com o patrocinador da camisa.

Ou ele pagará muito mais para estar no peito de Ronaldinho ou cederá o espaço para quem pagar mais.

Não está descartada a possibilidade dele cantarolar um pedaço do hino do Flamengo.

E sambar.

Entrevistas sem conteúdo é especialidade de Ronaldinho Gaúcho.

Ele parece não ter sangue nas veias.

Aprendeu com o irmão Assis a falar, falar e não dizer nada.

Hoje terá autorização para isso.

O jornalista que for hoje à Gávea terá apenas o direito de assistir essa farsa.

Para os torcedores pouco importa.

Eles querem mais é saber de fazer festa pelo jogador.

Triste é o apoio incondicional, servil da presidente do Flamengo.

Patricia Amorim é uma batalhadora.

Tem 33 anos de Flamengo.

Foi a primeira mulher a chegar ao poder em um clube grande sem ser fantoche do marido.

Ela é vereadora pelo PSDB.

Tem experiência em militância política...

Briga pela democracia...

Pela participação da mulher na sociedade...

Ela não deveria se dobrar a Ronaldinho Gaúcho.

No íntimo sabe que essa tentativa de blindagem não dará em nada.

Todos ficarão alertas ao futebol e ao comportamento do novo camisa 10 do Flamengo.

Um jogador que ganhará cerca de R$ 1,8 milhão a cada 30 dias não pode virar noites e noites em festas.

Hoje ele poderá apenas falar do deseja.

Sobre o que seu irmão achar conveniente.

Mas essa casca se romperá no dia-a-dia.

Mais cedo ou mais tarde ele terá de enfrentar o mundo real.

Hoje será uma grande bobagem.

Um show de samba com direito a discursinho ensaiado.

Ele que aproveite bem.

Se pensava que vindo para o Brasil poderia deitar e rolar e ainda servir à Seleção, é bom que abra os olhos...

Hoje toda a imprensa brasileira estará de mãos amarradas e bocas caladas à força.

Ronaldinho e Assis que se preparem para o amanhã.

Quando não puderem impedir perguntas, questionamentos de verdade.

Farsa, presidente Patricia Amorim, só hoje...


texto do jornalista Cosme Rímoli