domingo, 8 de abril de 2007

um perfume

O Cheiro do Ralo é o nome do segundo longa-metragem que o pernambucano Heitor Dhalia assume a direção. O filme mostra a história de Lourenço (Selton Mello), dono de uma loja que compra objetos usados de pessoas com dificuldades financeiras. A grande questão é o jogo perigoso e perverso que ele estabelece com seus clientes. O que se percebe na tela é o consumismo exagerado, presente no cotidiano das pessoas.
Para Lourenço tudo tem preço, de coisas a pessoas. E esse é o enfoque da trama: discutir a questão do poder, do dinheiro. Quem tem grana pode comprar tudo? Até onde vão os princípios de cada um? Mas esse processo de transformar os seres humanos em coisas é colocado em risco quando o próprio Lourenço deseja uma relação de afeto. É interessante avaliar o tom de humor, ironia e cinismo que Dhalia coloca no filme. O diretor demonstra habilidade para apresentar o dia-a-dia de Lourenço e sua vida tacanha na cidade de São Paulo.
O personagem de Selton Mello tem suas esquisitices. É obcecado pelo bumbum da garçonete do boteco que ele frequenta, vive isolado em uma casa feia, e o pior: é transtornado pelo fedor que sai do ralo do banheiro da loja que possui. Selton Mello brinda o público com uma atuação fantástica, digna de sua competência. Paula Braun, que interpreta a garçonete, revelou-se uma grata surpresa. Para dar ainda mais brilho ao longa, Lourenço Mutarelli, o autor do livro que inspirou o filme, interpreta o segurança do estabelecimento. Distante de clichês, o aroma dessa obra faz muitíssimo bem às narinas.

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