sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

desculpa esfarrapada

Qualquer deslize conjugal teria uma desculpa mais aceitável que os pedidos feitos pelo jornalista Bóris Casoy e pelo publicitário Nizan Guanaes, respectivamente, aos garis do Brasil e ao cantor Bell Marques, do Chiclete com Banana. Estes saíram muito pior que o enunciado. Há muito que se discutir nesse universo do "pedir desculpas", pois existem casos em que não se cabe, simplesmente. O apresentador de telejornais da Band emitiu, ao imaginar que estaria em off - o que torna ainda mais deprimente - sua mais verdadeira opinião a respeito dos profissionais que cuidam da limpeza, higiene e organização dos ambientes públicos deste país. Baseado, talvez, em conceitos nunca convincentes, mas que se propagaram ao longo dos tempos, ele acha que os garis compõem o mais "baixo escalão" das profissões. E eu, ingênuo, nem sabia que as profissões tinham escala. Baixo escalão eu supunha que seria roubar, matar, vagabundar e coisas do gênero. Algo me diz que ser gari e jornalista possuem dignidade e respeito social iguais. Sem tirar, nem pôr. Então, ao aparecer na tela da emissora para a qual trabalha e pedir desculpa por ter emitido sua opinião chega a ser asqueroso por parte desse senhor. Quanto a Nizan, o que ele diz sobre Salvador é totalmente pertinente, embora o prefeito tenha se irritado (???). A orla da capital baiana é estilo "favelão" mesmo, e para piorar, o povo ainda tem aquele ranço de aliar praia a sujeira e imundície, o que ajuda a emperrar o desenvolvimento. Bell pode ser até um careca com tranças mesmo, mas... e daí? A analogia entre a tristeza que impera no litoral de Salvador e o personagem Bell, do Chiclete, e seus chicleteiros, é que não tem procedência. Foi inoportuna e deselegante. O Chiclete com Banana virou uma marca forte e indiscutível e a prova mais cabal de que se pode mesclar, com competência, música, arte e empresariado. Esse foi também um caso de emissão de opinião, que Guanaes tem o direito de proferi-la, mas onde também cabem poucas desculpas, mesmo que seu caso seja bem menos vergonhoso que o do veterano jornalista.

Um comentário:

Anônimo disse...

essa intimidade com as palavras, foi o que sempre quis pra mim...

MT, MT, MT, MT BOM.
EXCELENTE!