quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

bebeu água? tá com sede?

A música-marco do mago Carlinhos Brown veio bem a calhar nessa chiada toda dos mangangões que comandam o maior rio de dinheiro que corre pelas avenidas de Salvador todo ano: o carnaval. Em 2010 vamos comemorar os 60 anos de trio elétrico, que lá nos primórdios, dispensava as cordas e emitia som (bom som!) para quem quisesse ouvir. Após a tal da "profissionalização", a separação entre pseudos-riquinhos e "batedores de cartão de ponto" (segundo Seu Jorge, o trabalhador brasileiro) se tornou indispensável e é aí que entra a figura dos cordeiros. Cordeiros são aqueles rapazes (e até muitas moças também) com dificuldade de inserção no mercado, e que aceitam esse tipo de trabalho explorador em busca de algum trocado, essa é a verdade. O fato é que os homens que mais lucram com a folia de Momo, estão retados por ter que dar simbólicos benefícios aos pobres, mas importantíssimos cordeiros. O pessoal da prefeitura da capital baiana está sendo crucificado pelos barões que, na verdade, "num tão nem aí paporra nehuma", só por terem que fornecer calçados próprios e 3 litros de água por cordeiro. Alguns disseram que 1,5 litro estava de bom tamanho e outros mais caras de pau ainda chegaram a afirmar que não têm local para armazenar essa água. Isso é porque a maioria deles nasceu em berço de ouro e nunca sentiu sede no sentido mais humilhante, voraz e literal da palavra.

2 comentários:

Aline Lobato disse...

É isso ai Fábio. Ótima reflexão! São esses os extremos da nossa indústria do Axé...

Anônimo disse...

Revoltante... é a sensação que tenho dentro de mim .
Seutexto atingiu o objetivo, isso é o ápice do orgulho do jornalista.