quarta-feira, 22 de julho de 2009

era uma vez...

Minha mãe, que em agosto de 2009 faz 10 anos que faleceu, era cliente assídua da cozinheira Dadá. Por aí dá para calcular o tempo que resistiu o restaurante "Varal da Dadá" (exatos 20 anos), no Alto das Pombas, na Federação. Naquela época, era absolutamente natural se deparar com o sorrisão espontâneo da quituteira baiana no próprio restaurante. Ainda não muito famosa, todas as vezes em que fomos lá, Dadá estava presente esbanjando energia positiva.
O fato é que as roupas foram retiradas do quintal. O charmoso e singelo restaurante da Dadá fechou as portas. A violência e o tráfico de drogas, que já dava suas caras no local desde que íamos lá, falou mais alto e espantou a clientela da quituteira. A "negona" foi obrigada a "bater as botas" da matriz, o projeto umbilical da sua rede de restaurantes. Após duas décadas, o Varal desarmou e entra em cena o "Sabores da Dadá", na Pituba, para fazer companhia ao "Sorriso da Dadá", no Pelourinho, que já começa a capengar por motivos óbvios.
A questão é que, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado, o bairro da Pituba apresenta mais crimes do que o Alto das Pombas. É lógico que a grande diferença entre os bairros é que a Pituba, de um modo geral, é palco de crimes e o Alto das Pombas é residência de criminosos e traficantes (com muitíssimas excessões, é claro, pois na Pituba também moram larápios!). E o que vinha afastando as pessoas de frequentarem o Varal, é o fato de se depararem com marginais aonde eles se escondem, refugiam e comandam. E não só a violência em si, pois no bairro nobre, os assaltos são mais constantes. E como Dadá conquistou um público de nível socioeconômico elevado, eles, com seus carros, roupas e perfumes de luxo, não eram vistos com bons olhos por certos moradores da região. Eram cada vez mais estranhos no ninho.
A decisão de Dadá pode até gerar polêmica perante "estudiosos" e defensores de enraizamentos banais e também de moradores do bairro, que fingem ser o lugar uma maravilha. Mas eu quero saber quem é que se sentia bem, tranquilo e confortável, levando sua família para almoçar ou jantar em um restaurante situado em um lugar onde traficantes passeiam, em plena luz do dia, com armas em punho?

Nenhum comentário: