quinta-feira, 28 de setembro de 2006

chama acesa pernambucana

Uma verdadeira fusão de música, teatro e poesia. A banda pernambucana Cordel do Fogo Encantado, nascida no final da década de 1990, a partir de um espetáculo teatral, é compreendida sob essas características. Surgiu na cidade de Arcoverde (entrada do sertão de Pernambuco) e é composta por cinco jovens: Lira Paes, Clayton Barros, Emerson Calado, Nêgo Henrique e Rafa Almeida.Tendo como base musical a força percussiva, adota uma salada rítmica que vai desde samba de coco, reisado e candomblé ao toré indígena. Outra marca do grupo é o lirismo das suas composições, que ganhou projetividade ao mesclar-se com o rufar dos tambores. Essa junção colocou a música como expressão maior do conjunto. A condição de revelação da música brasileira no início do ano 2000, aconteceu após apresentação no carnaval pernambucano. Eles conquistaram o público e a crítica.
O Cordel do Fogo Encantado encanta pela sua originalidade e pela ousadia de misturar letras-poemas entre verdade e entretenimento, divino e mundano, elementos sonoros e literários, batuque e poesia declamada. Os componentes da banda são pós-adolescentes que sofreram influências da literatura de cordel, festas populares típicas da região, mas também de hard core e rock and roll. Podem ser definidos como um retrato do Brasil, por trazerem na sonoridade elementos de repentistas, cantadores e indígenas, por tornarem macro o que, a princípio, soava regional.
A forte noção de espetáculo aliada ao fervor da percussão seca transformam as aparições do grupo em algo transcendente. Quem assistir a uma apresentação, gostando ou não, jamais sairá incólume. A entrega dos artistas é extremamente contagiante. Após Chico Science e sua Nação Zumbi desbravarem os manguezais brasileiros, o Cordel do Fogo Encantado é o maior surgimento da cena musical pernambucana.

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