quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

menos um

Quando, raramente, uma banda se apresentava tocando ao vivo em seu programa dominical, Fausto Silva disparava logo o famoso bordão: "quem sabe faz ao vivo". O tempo passou e Faustão evoluiu. Atualmente, quase todas as apresentações no Domingão são "ao vivo". Claro! As coisas mudaram, o público ficou mais exigente e os artistas ficam mais satisfeitos quando tocam de fato. Mas a cantora Ana Carolina, que vem descendo a ladeira em sua carreira, parece que chegou no pé da rampa. A ideia do seu novo trabalho, 9 + Um, sem assistir ainda, parece um convite a um deleite ímpar. Dentre os convidados, Luiz Melodia, Maria Bethânia, Zizi Possi e Gilberto Gil já "pagariam o ingresso". O problema é que todos esses duetos, apesar de acontecerem no exuberante cenário de um sítio no Rio de Janeiro, soam absurdamente artificial. Tem até figurante, parecendo um filme B, de quinta categoria. O espectador se sente lesado, por assim dizer, vendo aquilo. Ao contrário do "popularesco" Domingão do Faustão, no DVD de Ana nada é "ao vivo"! Os artistas e até os músicos da banda se apresentam no vídeo dublando, fingindo tocar. A faixa 10 minutos, em que Ana aparece sozinha, subindo e descendo escadas, cheia de caras e bocas, envergonha quem está sentado na poltrona do lado de cá. Deprimente. Parece um clipe antigão! Outro problema grave foi o repertório, que abandona os temas consagrados de Ana (já que é uma homenagem aos 10 anos de carreira da artista), e se resume aos "esquecíveis" hits dos dois últimos trabalhos dela: Dois Quartos e Nove. Ana Carolina desperdiçou o cacife que tem de conseguir agrupar um time de convidados de primeira linha, aliado a uma locação espetacular, com um trabalho que resultou frio e sem naturalidade, digno de subtrair da trajetória.

Nenhum comentário: